São Paulo, segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Analistas divergem sobre rumo da Bolsa

Diminuem as incertezas na Europa, mas até os otimistas têm dificuldade para aposta em virada no curto prazo

Ano eleitoral e dúvidas sobre os EUA pesam contra apostas de mudança no humor do mercado financeiro

EPAMINONDAS NETO
DE SÃO PAULO

O plano europeu anticrise e o "calote organizado" da Grécia reduziram as incertezas, levando a Bovespa à melhor semana no ano (alta de 7,7%), e o dólar, ao maior recuo mensal (baixa de 10,5%) desde 2003.
No entanto, especialistas de diferentes escolas e correntes têm divergências sobre os rumos do mercado. Os pessimistas seguem desanimados por conta da recuperação ainda fraca nos EUA, do risco de desaceleração na China e das dificuldades crescentes na Europa.
Mesmo os mais otimistas não alimentam esperanças de virada no curto prazo.
"O mercado não está mais operando totalmente pessimista [depois do plano anticrise europeu]. Mas ainda não está no 'modo' otimista", afirma Eduardo Jurcevic, superintendente do Santander.
O desfecho positivo das negociações na Europa, em tese, pode desencadear uma alta moderada na Bolsa no último trimestre, historicamente a época do ano em que as ações quase sempre sobem.
Mas os problemas que afetam o desempenho das Bolsas não se limitam ao Velho Continente.
Em relatório intitulado "Aproveite enquanto dura", o Bank of America/Merrill Lynch alerta para riscos maiores (na ótica de seus analistas) que pairam sobre a economia dos EUA em 2012.
Cita o impacto da alta dos combustíveis no custo de vida; um severo aperto fiscal, como preconizado por algumas lideranças republicanas; mais um rebaixamento de "rating" (nota), como o visto em agosto; e o risco político de desarticulação do governo Obama.
Os grandes impasses nos EUA, a exemplo do teto da dívida pública, podem se tornar piores em ano eleitoral.
Mesmo no Brasil, até agora uma ilha de otimismo, os economistas estão enxergando um ano de menor crescimento -entre 3,5% (média do mercado) e 2,5% (dos mais pessimistas).
"O aperto da política monetária na primeira metade de 2011 continuará a pesar na economia no curto prazo, considerando os efeitos atrasados habituais. Além disso, parece improvável que o crescimento global mostre um desempenho brilhante tão cedo", avalia o BNP Paribas.

MEIO CHEIO, MEIO VAZIO
Para quem enxerga o copo meio cheio, a Bolsa hoje reserva enorme "promoção", em que os papéis de algumas das maiores empresas do país são vendidos com descontos de 20%, 30% e até 50% só neste ano.
Os otimistas também gostam de lembrar que o melhor momento para comprar ações nos últimos anos foi logo depois da implosão do banco Lehman Brothers, quando as expectativas do mercado acionário atingiram o chão.
"Definitivamente, estamos num momento muito melhor do que algumas semanas atrás. Em um horizonte de médio e longo prazo, a Bolsa está num patamar interessante para comprar", diz Luciano Rostagno, do WestLB.
"A Bolsa sempre tenta antecipar o que vai acontecer. Se começarmos a ver sinais de que pode haver recuperação do crescimento global já no segundo semestre de 2012, o mercado vai começar a antecipar ainda no primeiro", diz Jurcevic, do Santander.


Texto Anterior: Mercado Aberto
Próximo Texto: Frases
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.