Joalheria

Tudo jóia!

por RICARDO OLIVEROS
fotos PATRÍCIA STAVIS

O velho ditado "nem tudo o que reluz é ouro" cai como uma luva para os novos criadores de jóias. Desenhos exclusivos combinados com materiais inusitados (madeira, renda, pedras brutas) fazem parte da fórmula para sacudir o mercado de luxo brasileiro. Confira o trabalho de seis marcas que estão fazendo a diferença no setor, e o que será bem "jóia" de usar no verão.

Jussara Romão

Quem faz Jussara Romão (foto) e Wolf Kneip

Início "Trabalhei na revista "Elle", onde amava produzir ?e acompanhar os editoriais de jóias. Acabei criando peças para algumas matérias, que amigos designers montavam para mim. Um dia me matriculei numa escola de joalheria ?e comecei a produzir minhas peças"

Diferencial "Pedras em estado bruto, sem lapidação. ?Não tem nada mais exclusivo do que o desenho da ?própria natureza"

Inspiração "Minha paixão é a joalheria primitiva. Simples e forte, como a joalheria indígena. Isso eu chamo de jóia. Isso eu chamo de luxo"

Quem usa Costanza Pascolato, Deborah Secco, Carolina Ferraz, Luiza Brunet

Mercado "Se não fossem os novos designers, o mercado estaria parado. As grandes joalherias preferem apostar nas vendas, não são arrojadas. A nova idéia é ter algo único e exclusivo"

Pontos de venda Flagshipstore One Up [tel. (11) 3083 7900]. Até o final do ano estará em lojas de BH e Goiânia.

++ www.jussararomao.com.br

La Bucanera

Quem faz Floriana Breyer

Início "Na faculdade de artes plásticas, me lembro de uma professora dizendo que a joalheria era a arte dos bárbaros. Peças pequenas e valiosas, perfeitas para um povo nômade em constante locomoção. Percebi que era perfeito para mim: ?La Bucanera, amante das estradas"

Diferencial "Todas as peças passam pelas minhas mãos, e nelas deposito muita energia positiva. Talvez por isso funcionem como amuletos. Cada uma tem uma história, vem acompanhada de todo um universo, desde o nome até a embalagem"

Inspiração "Tudo me inspira e me motiva. Poderia dizer que estou sempre com olhar atento e sensível e, quando algo me toca, eu investigo a fundo"

Quem usa Ivete Sangalo e Adriane Galisteu

Mercado "Acho que sempre há espaço para coisas legais feitas com carinho e bom gosto"

Pontos de venda Jô de Mer [tel. (11) 3081 4232], Atelier Noritá [tel. (11) 3078 5210], Adriana Bittencourt [tel. (11) 3062 2491]

++ www.labucanera-ioho.blogspot.com

MÖK!

Quem faz Carlos Godoy e Guilherme Marin

Início Carlos é artista plástico, pintor e escultor. Encontrou sua paixão nas jóias desde muito cedo, aprendendo a fazê-las, além de desenhá-las, e logo virou professor. Guilherme é apaixonado por design e pela produção artesanal, e o universo das jóias traduz tudo isso muito bem com suas infinitas possibilidades criativas

Diferencial "Peças em Mokumé-gane, uma técnica japonesa de joalheria nascida pelas mãos dos mestres cuteleiros que produziam as espadas para os samurais. Consiste em misturar metais de diversas cores e propriedades, criando uma quantidade infinita de padrões que acabam tornando nossas peças únicas"

Inspiração "O poder simbólico das jóias. Achamos que essa técnica é uma bela metáfora de uma aliança. Reza a lenda que uma jóia em Mokumé é que escolhe você, e não o contrário"

Quem usa Paula Raia

Mercado "O mercado brasileiro de jóias acordou nos últimos anos de um sono profundo. Depois de perder status e mercado para marcas de moda e acessórios, as empresas do setor perceberam que podiam agregar mais valor a suas peças, criando mais, investindo em marketing e copiando menos"

Pontos de venda No ateliê, com hora marcada, [tel. (11) 5083 6636].

++ www.mok.com.br

Juliana Pellegrini

Quem faz Juliana Pellegrini

Início "Fiz arquitetura no Mackenzie, mas antes de me formar, em 2000, resolvi buscar outras experiências, e foi no ano de 1998 que comecei a aprender joalheria e a descobrir a jóia e seus mundos"

Diferencial O traço delicado, os diferentes elementos que compõem as peças e a leveza dos movimentos e articulações

Inspiração "Penso que o inconsciente busca construir diversas composições e formas, e, através da execução manual, a peça surge pronta, uma filha única, uma pequena escultura para ser vestida e observada de diversos ângulos"

Quem usa Lucília Diniz

Mercado "Percebo que há uma mudança de percepção, tanto das empresas quanto do consumidor. Antes, havia um receio de comprar uma jóia fora de uma joalheria conhecida. Hoje, este consumidor procura uma jóia de arte, fora da escala industrial, peças exclusivas"

Pontos de venda No ateliê com hora marcada, [tel. (11) 9154 4588]

++ www.julianapellegrini.comCamila Sarpi

Quem faz Camila Sarpi

Início A designer trabalhou no setor fashion durante sete anos em NY e resolveu dar uma guinada. Estudou joalheria no Fashion Institute of Technology (FIT) e há um ano lançou sua marca no Brasil

Diferencial Madeiras em extinção. Reaproveita móveis como um pé de banquinho que pode virar jóia, misturado com ouro e pedras brasileiras

Inspiração "Sou fascinada pela combinação do natural, bruto, em contraste com o arquitetônico, estruturado"

Quem usa Adriana Barra. Giovanna Antonelli usou um brinco seu no filme, "Caixa Dois"

Mercado "Sinto que é um mercado bem explorado, talvez até saturado. Tem muita gente fazendo de tudo, mas, ao mesmo tempo, há sempre demanda e espaço se o produto é bom"

Pontos de venda: Adriana Barra [tel. (11) 3062 0387], Atelier Andrea Simioni [tel. (11) 3088-1618].

++ www.camilasarpi.com

Thais França

Quem faz Thais França

Início "Cursei moda na Faap, e lá percebi meu gosto pela joalheira e pela ourivesaria. A cada pesquisa, os materiais e as idéias eram quase sempre voltados aos adornos"

Diferencial Peças que misturam crochê com prata e pedras brasileiras

Inspiração "Sinto-me atraída pela pesquisa de materiais novos, inusitados, contrastantes, por vezes quase inconciliáveis. Faço desenhos à mão livre, que têm um formato contínuo e orgânico, formando uma espécie de rede, uma renda. Foi aí que pensei em pôr a renda nas jóias"

Quem usa Adriane Galisteu, Ana Paula Junqueira,?Ticiane Pinheiro

Mercado "Nos últimos anos surgiram grandes designers de prata, e as joalherias tradicionais têm implantado linhas nesse metal. Acredito que isso aconteça porque as pessoas estão afinal atribuindo valor à prata como jóia. Tanto pelas dificuldades trazidas pelo quadro de violência atual, como também pelo fato de a prata permitir maior liberdade de criação"

Pontos de venda No ateliê com hora marcada, [tel. (11) 3822 2111]

++ www.thaisfranca.com.br