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Coreia do Norte diz estar em 'estado de guerra' com o Sul
China pede calma e fim imediato da tensão; EUA criticam retórica belicista
Fontes militares de Seul dizem ter registrado aumento de atividades em bases onde estão mísseis do Norte
O governo da Coreia do Norte anunciou ontem à noite que está em "estado de guerra" com a Coreia do Sul e que negociará todo assunto entre os dois países com base nessa condição.
As duas Coreias estão tecnicamente em guerra desde 1950, já que não houve um tratado de paz encerrando a Guerra da Coreia, apenas um armistício, em 1953.
Pyongyang tem elevado o tom de sua retórica belicista desde janeiro, quando a ONU ampliou as sanções que afetam o país. Neste mês, a Coreia do Norte já havia declarado inválido o armistício com a Coreia do Sul. Seul respondeu que a trégua continuava vigente e que não poderia ser anulada unilateralmente.
Em resposta às novas ameaças, os EUA afirmaram que levam a sério as declarações e que estão em contato permanente com seus aliados na Coreia do Sul. Mais cedo, a Casa Branca já havia criticado o tom belicista do Norte, dizendo que ele só aprofunda o isolamento do país.
PREOCUPAÇÃO
Os governos da China e da Rússia afirmaram ontem estar preocupados com a situação entre as duas Coreias. Na quinta, o ditador Kim Jong-un ordenou que os mísseis do país fossem apontados para os EUA e para as bases militares americanas no Pacífico.
A medida foi tomada horas depois de Washington enviar dois bombardeiros B-2, que têm capacidade de levar ogivas nucleares, para os exercícios militares que faz com os sul-coreanos desde o início do mês.
Algumas horas depois do anúncio de Kim, foi registrado um aumento das atividades militares nas bases norte-coreanas onde ficam os mísseis de médio e longo alcance, segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap.
A China, o maior aliado de Pyongyang, pediu calma. "Esperamos que as partes trabalhem juntas na busca de uma reviravolta dessa situação tensa", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores Hong Lei.
Já a Rússia fez críticas implícitas ao envolvimento dos EUA na crise e disse temer uma escalada da tensão.
Apesar do tom hostil de Pyongyang, o governo de Kim Jong-un manteve aberta uma importante zona econômica operada em conjunto com o vizinho que gera cerca de US$ 2 bilhões por ano.
O funcionamento do complexo industrial de Kaesong é considerado um indício de que Pyongyang blefa sobre sua disposição de entrar em guerra com o Sul.