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Exilados cubanos viram moradores de rua na Espanha

LUISA BELCHIOR COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM MADRI

Das prisões cubanas para as ruas de Madri. Esse foi o trajeto que, em menos de três anos, cumpriram 20 ex-presos políticos do regime castrista e suas famílias.

Desde que o governo espanhol cortou a ajuda que os mantinha no país, eles montaram acampamento no centro de Madri, onde cinco famílias permanecem até hoje.

O grupo faz parte dos 115 dissidentes cubanos que, após um acordo entre Cuba e Espanha mediado pela Igreja Católica em 2010, foram enviados à Europa com suas famílias. Apenas nove deles continuam na Espanha.

A maioria deixou o país, migrando para os Estados Unidos ou retornando a Cuba.

Entre os que ficaram, cinco estão com suas famílias acampados há quase um ano em uma barraca improvisada no centro de Madri, em frente ao prédio do Ministério de Assuntos Exteriores. Um deles se suicidou.

No acampamento, já se refugiaram 20 exilados da ilha, logo depois que o governo espanhol decidiu não renovar a ajuda, que expirou em abril de 2012.

Pelo convênio, a Espanha pagaria, por um ano e com possibilidade de prorrogação, auxílio mensal de moradia e alimentação. Além disso, iria ajudá-los a encontrar um posto de trabalho e a matricular seus filhos em escolas e universidades.

Com o desemprego na casa dos 25% da população economicamente ativa espanhola, a maioria deles não conseguiu emprego. E o governo, ante cortes de orçamento, desistiu de prolongar a ajuda.

ERROS EM COMUM

"Foi um erro dos dois governos. A Espanha em crise não nos oferece chances de trabalho, e o governo de Cuba não nos deu opção. Eu não vim para cá, fui trazido. Então este problema quem criou não fomos nós", disse o marceneiro cubano José Miguel Fernández, um dos que vivem acampados em Madri com a mulher e o sobrinho.

Preso durante cinco anos em Cuba por apedrejar um edifício do governo, ele chegou à Espanha em 2011 e recebeu ajuda de moradia por seis meses. Sem conseguir trabalho em sua área, o mercado de construção -o mais prejudicado pela crise-, aderiu ao acampamento, que já foi desmontado três vezes.

Ele contou que o grupo sobrevive de doações de quem passa por ali -a barraca está no epicentro turístico da cidade, a 500 metros da Porta do Sol. No fim do dia, limpam um restaurante em troca da comida que sobra no bufê.

O governo de Madri informou que aceitou dar um auxílio de € 500 (cerca de R$ 1.300) mensais aos que permanecem no país, mas disse que os acampados não aceitaram a proposta. Já o governo central alega que o acordo com Cuba só previa o auxílio financeiro no primeiro ano de estadia.

O grupo estuda regressar a Cuba, mas diz que a situação lá é ainda pior.


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