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Análise

Tática da presidente é como um tango de uma nota só

ALBERTO PFEIFER ESPECIAL PARA A FOLHA

A tática de sufocamento financeiro da imprensa independente, por meio da redução das receitas publicitárias, vem sendo usada por Cristina Kirchner nesse início de 2013 para se manter no poder.

A aprovação do governo vem caindo rapidamente e uma derrota nas eleições de 2013 pode dilapidar a base de sustentação no Legislativo.

Cristina foi reeleita presidente em outubro de 2011 com folgada vantagem sobre o segundo colocado, embora a soma do voto contrário tenha alcançado 45%.

Sua popularidade ultrapassou 70% em novembro de 2011. Um ano depois, a avaliação negativa da presidente suplantou a opinião positiva.

Em outubro, se renovará metade dos deputados federais para o período 2013-2017 e um terço dos senadores, com mandato até 2019.

A provável derrota em 2013 pode marcar o começo do fim do kirchnerismo cristinista.

A economia perde dinamismo. O poder de compra sucumbe ante a inflação real de 25% em 2012 -enquanto o governo se aferra a um desacreditado índice de 11%.

Cristina adotou política monetária expansionista que gerou um deficit fiscal de 4,5% do PIB, financiado pelo bom desempenho do setor externo, superavitário nas transações correntes e respaldado em reservas de US$ 41 bi.

O indicador definitivo do momento é a cotação do dólar paralelo, poupança preferida e indexador informal: em março de 2012, a diferença para o câmbio oficial era de 10%. Hoje, ultrapassa 60%.

A sustentação do movimento sindical a Cristina se dilui. A alta inflação pauta as negociações salariais. Os sindicatos demandam recomposições pela inflação real.

O congelamento dos preços dos bens de consumo por 60 dias, a partir de 1º de fevereiro, foi uma tentativa do governo de atenuar o tom dos sindicatos e segurar a escalada inflacionária, mas parece ter mirado um terceiro efeito adicional: torpedear a renitente imprensa escrita de Buenos Aires, desde sempre a voz contrária ao modelo populista dos Kirchner.

Editoriais críticos motivaram processos judiciais do governo federal. Fiscalizações tributárias tentaram intimidar o "Clarín" em setembro de 2009.

A comercialização do papel jornal, a concessão de licenças de radiodifusão e a desconcentração do controle de meios de comunicação foram alvo de campanhas retóricas e de medidas legislativas e judiciais.

Investir contra a imprensa pode parecer ajudar Cristina a manter e a expandir o controle social que adotou como fórmula de governo. Mas não resolverá os problemas do país, nem assegurará a vitória nas eleições de outubro.


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