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Mercado castiga Espanha após eleição

Mesmo com a derrota dos socialistas, investidores voltaram a pedir juros mais altos pelos títulos da dívida pública

Banco da Espanha teve de intervir no Banco de Valência, que estava apresentando um forte risco de quebrar

VAGUINALDO MARINHEIRO
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

Enquanto o PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) repensa seu futuro após a maior derrota eleitoral de sua história e o novo governo do PP (Partido Popular) busca fechar seu gabinete, os mercados castigam a Espanha.

Ontem, os investidores voltaram a pedir juros mais altos nos títulos públicos.

Em papéis de dez anos, atingiu 6,6% ao ano, 4,6 pontos percentuais acima do exigido da Alemanha.

A Bolsa de Madri, afetada por notícias vindas dos EUA e da Alemanha, caiu 3,48%.

Além disso, o Banco da Espanha teve de intervir no Banco de Valência, que corria o risco de quebrar.

O governo irá injetar € 1 bilhão (R$ 2,4 bilhões) para salvar o banco e garantirá os depósitos dos correntistas.

Entre investidores, há incertezas com o período de transição governamental e com as medidas a serem adotadas pelo vencedor das eleições, Mariano Rajoy.

Pelo calendário eleitoral, Rajoy, do PP, só deve ser empossado na semana anterior ao Natal. Até lá, continua no cargo José Luis Rodríguez Zapatero.

Zapatero diz que a lei proíbe antecipar esse período e prometeu trabalhar em conjunto com o novo governo.

"A disposição de minha parte é de colaboração máxima. Mantenho o sentido de responsabilidade."

O PSOE perdeu cerca de 5 milhões de votos na comparação entre a eleição de 2008 e a de anteontem.

A bancada do partido caiu de 169 deputados para 110. Nunca, desde a redemocratização do país, em 1977, o PSOE foi tão mal.

"Tivemos todo o vento contra nós", disse Zapatero, numa alusão à crise econômica internacioal.

O PSOE fará um congresso para discutir quem será o novo líder do partido.

Já Rajoy, após obter maioria no Parlamento (186 das 350 cadeiras), passou o dia em reuniões para definir os ministros e as medidas de impacto a serem anunciadas.

Ele falou pelo telefone por 20 minutos com a chanceler alemã, Angela Merkel, que voltou a insistir na necessidade de corte de gastos.

Economistas calculam que o país terá de cortar € 30 bilhões para reduzir o deficit público ao nível acordado com a União Europeia.

A dúvida é como fazer isso e estimular a economia, que está estagnada e com taxa de desemprego de 22,6% (a maior do continente).

Nas ruas, os espanhóis parecem ter mais fé na sorte que no novo governo. Ontem, havia fila de três quarteirões na frente da lotérica Doña Manoelita, perto da Puerta del Sol (centro de Madri).

Todos querem comprar bilhete da loteria de Natal, que será sorteada no dia 22 de dezembro e promete um prêmio de € 4 milhões.

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