Moody's volta a advertir sobre o risco da França, e Bolsas recuam

O fraco crescimento e a desconfiança dos mercados ameaçam o status da França como um dos países mais seguros para investir.

A advertência foi lançada ontem pela agência de classificação de risco Moody's, que ainda coloca o país, a segunda maior economia da zona do euro, no topo de seu ranking dos melhores pagadores, com Alemanha e EUA.

O relatório publicado ontem não alterou a nota atribuída aos papéis franceses (AAA, valor máximo). Mas, em outubro, a agência já alertara que poderia alterar o "viés" da avaliação para negativo nos próximos três meses.

Esse "viés" é uma forma de a Moody's avisar que, a partir daquela data, aumentaram as chances de um rebaixamento do rating (nota de risco de crédito).

No mercado de títulos públicos, investidores têm considerado cada vez mais os papéis franceses como mais arriscados na comparação com as emissões da Alemanha, o "porto seguro" da Europa.

"Quando você olha os preços no mercado, a França já perdeu de fato seu [rating] AAA. Se os EUA foram despojados do AAA pela Standard & Poor's, qualquer um pode questionar por que a França ainda tem o seu", afirmou Raphael Gallardo, economista da corretora Axa IM.

As Bolsas reagiram muito mal à notícia, em uma jornada que teve como pano de fundo o virtual fracasso das negociações nos EUA para reduzir o deficit público.

Em Paris, o índice caiu 3,4%; em Londres e Frankfurt, 2,6% e 3,3%. A Bolsa de Nova York recuou 2,11%, enquanto a brasileira Bovespa teve perdas de 0,79%.

Apesar da oposição alemã, a Comissão Europeia deve propor nesta semana que a zona do euro considere o lançamento dos controversos "eurobônus", títulos garantidos pelos 17 países do bloco. Ontem, Berlim já declarou que não enxerga esses hipotéticos bônus como "remédio milagroso" para a crise.