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Fracassa a tentativa de um acordo sobre corte fiscal nos EUA

Falta de consenso de republicanos e democratas deve elevar desconfiança do mercado com economia americana

Com impasse instalado, deve haver agora corte automático de US$ 1,2 tri, em gastos militares e de programas sociais

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

A supercomissão do Congresso encarregada de ajustar as contas dos EUA jogou a toalha e emitiu ontem, dois dias antes de o prazo expirar, um comunicado em que admite o fracasso da negociação bipartidária para selar um pacote fiscal para o país.

Sem acordo, a lei ordena que sejam disparados cortes automáticos de US$ 1,2 trilhão no Orçamento dos EUA a partir de janeiro de 2013.

Em pronunciamento na noite de ontem, o presidente Barack Obama criticou a falta de consenso do Congresso e garantiu que os cortes automáticos ocorrerão, embora tenha deixado aberta a porta para alterar a forma como eles incidirão exatamente.

"Vou vetar qualquer medida para se livrar dos cortes automáticos", disse Obama. Ele ressaltou que, diferentemente do que houve em agosto, os EUA não estão à beira do calote, e "há um ano para o Congresso agir".

Mas 2012 é ano eleitoral, e sua mensagem não evita que a credibilidade do sistema político americano sofra novo golpe ante a incapacidade dos legisladores em negociar um acordo que freie a crescente dívida pública do país, hoje em US$ 15 trilhões -sete vezes o PIB do Brasil.

O grupo bipartidário de 6 deputados e 6 senadores foi encarregado em agosto de desenhar um pacote fiscal para cortar US$ 1,2 trilhão em dez anos, pela mesma lei que subiu o teto da dívida e evitou um calote histórico.

Seu fracasso deve se fazer sentir já nesta semana nos mercados financeiros. Antes mesmo do anúncio, as Bolsas americanas ontem fecharam em baixa, com recuo de 2,11% do Dow Jones e de 1,86% do S&P500. As Bolsas asiáticas abriram hoje em queda.

A agência de classificação de risco Standard & Poor's, que rebaixou a nota dos EUA em agosto, porém, apressou-se em anunciar que o fracasso não piora sua avaliação -apenas a revalida.

Segundo analistas ouvidos pela Folha, o risco está no médio prazo, quando a economia dos EUA pode ter sua incipiente recuperação travada pela perda de confiança dos investidores externos e pelos efeitos dos cortes automáticos em programas domésticos ligados à infraestrutura e competitividade.

Além disso, o colapso da supercomissão abre a porta para uma série de incertezas e acirra a briga dos lobbies que tentam escapar do facão.

Isso porque a lei que determina os cortes automáticos caso fracassasse a missão não os discrimina.

Diz apenas que uma parte do montante pode ser obtida na economia de juros, e o restante dos cortes deve se dividir igualmente entre gastos de Defesa e gastos com programas domésticos.

Neste segundo item, a única ressalva é poupar, a princípio, o Medicaid (assistência médica a idosos) e os cheques da Seguridade Social.

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