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Leilão falha, e crise respinga na Alemanha

Maior economia do continente registra encalhe de 40% de seus títulos, que não conseguem atrair compradores

Vistos ainda como porto seguro, títulos alemães vêm pagando baixo rendimento, o que pode explicar baixa procura

DE LONDRES

A Alemanha sentiu ainda mais de perto a crise econômica na Europa ao ver fracassar seu leilão de títulos públicos ontem de manhã.

A intenção era vender € 6 bilhões (R$ 14,6 bi) em títulos com vencimento em dez anos, mas houve procura por apenas € 3,64 bi (R$ 8,9 bi).

Segundo analistas, foi o pior leilão da história recente da Alemanha. Para alguns, a chamada crise da dívida, que piora a cada dia, pode arrastar também a maior economia do continente.

O governo culpou o "ambiente de enorme nervosismo nos mercados", mas afirmou que não trará nenhum problema ao país, que irá recolocar os papéis à venda.

Os títulos vendidos pagam um juro de 1,98% ao ano, de longe o menor da Europa.

Itália e Espanha, por exemplo, pagam acima de 6%. A França, 3,6%.

Isso acontece porque a Alemanha ainda é considerada um porto seguro e seus títulos são negociados no mesmo patamar do dos Estados Unidos.

Analistas apontam várias explicações para o fracasso:

1) O mercado começa a temer pela economia alemã, uma vez que ela também está se desacelerando.

Ontem, saíram dados de queda nos pedidos à industria no continente. Na média da zona do euro, houve um recuo de 6,4% em setembro sobre agosto.

A queda foi maior na Itália (9,2%), mas também foi forte na Alemanha (4,4%).

2) Apesar de seguros, os títulos alemães estão pagando muito pouco -1,98% é menos que a expectativa de inflação média no continente em um ano. Ou seja, ganho zero para o investidor.

3) Houve uma espécie de greve dos mercados para mostrar à Alemanha que querem uma ação mais efetiva do país para resolver a crise e salvar o euro.

A Alemanha é a principal oponente a que o Banco Central Europeu compre diretamente, e em grande volume, os títulos das dívidas dos países mais problemáticos do continente.

A compra é vista como única forma de resolver a crise da dívida na região.

O mau resultado do leilão, os dados da indústria na Europa e um novo relatório da agência de classificação de risco Fitch sobre as finanças da França provocaram queda nas Bolsas europeias e também da cotação do euro.

No mercado de ações, foi o oitavo dia de perdas.

A Bolsa de Milão (Itália) foi a que mais caiu (2,59%).

Na Espanha, que elegeu um novo primeiro-ministro no último domingo, a queda foi de 2,09%.

Em Londres, as ações das maiores empresas listadas perderam cerca de R$ 280 bilhões desde a segunda-feira da semana passada. (VAGUINALDO MARINHEIRO)

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