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Análise

Ato seria normal para Nixon, mas choca no caso de Obama

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando Barack Obama ganhou a eleição de 2008, as expectativas sobre o que poderia realizar no governo eram imensas entre os setores mais liberais da sociedade americana e de outros países.

Tantas, que ele foi escolhido para o prêmio Nobel da Paz antes mesmo de ter realizado qualquer ação de política internacional.

Observadores realistas sabiam que Obama seria incapaz de cumprir a maioria das promessas que fizera na campanha e de atender à maioria das demandas.

Mas em alguns campos, como o do respeito aos direitos humanos e às liberdades civis, era razoável supor que ele pudesse desmontar estruturas arquitetadas por Bush na sequência aos atentados de 11 de setembro de 2001.

No entanto, não tem sido assim. O maior símbolo é Guantánamo, que Obama garantiu que fecharia assim que assumisse, e continua lá.

Pode-se argumentar que a maioria republicana na Câmara impede o presidente de realizar seus programas. Entretanto, há áreas em que o Executivo não depende do Legislativo para agir, e mesmo nestas a atuação de Obama civis tem sido modesta.

Por exemplo, a administração tem tratado responsáveis por vazamentos de informações que lhe desagradam de modo mais duro seus antecessores. Ela usou a severíssima Lei de Espionagem (de 1917) seis vezes contra funcionários públicos responsáveis por vazamentos de informações para a imprensa. Entre 1917 e 2009, essa lei havia sido aplicada em casos similares apenas três vezes.

A notícia de que o Departamento de Justiça monitorou ligações de jornalistas não seria surpreendente no governo Bush ou Nixon, mas é impressionante na administração presidida por um liberal professor de Direito.

Na mesma linha está o caso da investigação seletiva feita pela Receita Federal de entidades políticas que se opõem a Obama. É um escândalo digno de personagens sem nenhuma tradição de respeito ao direito.

O presidente reagiu depressa, com discurso indignado e promessa de apuração rápida e punição exemplar para os responsáveis.

Uma atitude oposta à de Richard Nixon que, flagrado em Watergate, negou, mentiu e fez tudo para obstruir a investigação e encobrir os fatos.

Mesmo assim, esses casos aumentam a decepção dos que esperavam ver em Obama um agente de mudança.

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA é editor da revista "Política Externa"


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