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Líderes pedem união fiscal na Europa

Angela Merkel e Nicolas Sarkozy descartam, no entanto, projeto de criar títulos garantidos pelos 17 países do euro

Chefes das maiores economias que adotam moeda única recusam maior atuação do BCE para fazer face à crise

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, descartaram ontem a criação de "eurobônus" e uma maior participação do Banco Central Europeu na compra direta de títulos de países endividados.

São as duas medidas que o mercado, economistas e muitos políticos consideram como as únicas capazes de resolver a crise da dívida no continente e salvar o euro.

Em vez disso, prometeram apresentar até 9 de dezembro uma proposta de mudança de tratados do bloco, para uma maior união fiscal e política.

As mudanças devem significar menos autonomia financeira para os 17 países que usam o euro e punição para aqueles que não controlam deficit e dívidas.

O problema é que mudanças de tratados demoram. Precisam ser aprovadas pelos Parlamentos dos países do bloco, e muitos creem que países vão quebrar antes que isso aconteça. A Grécia, sem condições de honrar sua dívida, já negocia um calote de 50% dela com os credores.

Itália e Espanha correm o risco de ir pelo mesmo caminho, sendo obrigadas a pagar juros de 7% ao ano para refinanciar suas dívidas.

A proposta dos "eurobônus" foi apresentada anteontem pela Comissão Europeia, órgão executivo da UE.

A ideia é criar títulos que sejam garantidos por todos os países da zona do euro.

Isso, acredita a comissão, reduziria o risco e os juros pagos pelas nações.

"Aprecio os projetos da comissão, mas os 'eurobônus' têm um problema. Igualariam as taxas de juros pagas por todos os países e não saberíamos onde estão os problemas", disse Merkel.

A Alemanha paga menos de 2% de juros ao ano em seus títulos de dez anos. A Itália, perto de 7%. Portugal, 11%.

Já uma maior participação no BCE na compra de títulos públicos é defendida até pelos governos dos EUA e do Reino Unido, que afirmam que a demora na solução da crise europeia prejudica a economia de todo o mundo.

Era também defendida pela França. Agora, evita o assunto. "É preciso parar de falar nisso porque o banco é independente", disse Sarkozy.

Depois, ressaltou as diferenças entre seu país e a Alemanha. "França tem uma cultura, e a Alemanha, outra. Tentamos nos entender o melhor possível e falo com Merkel todos os dias. Mas você acredita que estamos de acordo em tudo?", afirmou, numa entrevista ao lado da alemã e de Mario Monti, o novo premiê italiano.

As falas de Merkel e Sarkozy desagradaram aos mercados. As Bolsas europeias, que estavam subindo, fecharam o dia com quedas.

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