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Síria usou arma química, dizem europeus

Testes de laboratório na França e no Reino Unido apontam presença de gás sarin em corpo de vítimas do governo

Presidente de comissão da ONU diz que 'muitas linhas vermelhas já foram cruzadas' na guerra no país árabe

DE SÃO PAULO

No mesmo dia em que a ONU disse ter evidências "razoáveis" sobre o uso de armas químicas na Síria, França e Reino Unido asseguraram ter provas de que o gás sarin foi usado no conflito.

Para o presidente da Comissão Internacional Independente de Inquérito da ONU sobre a Síria, o brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, "muitas linhas vermelhas já foram ultrapassadas no conflito", enquanto a comunidade internacional se concentra sobre a preocupação com o uso de armas químicas.

"Quando se tem esse número de mortos e de feridos, e há 19 milhões de pessoas vivendo sob as bombas, já foram cruzadas muitas linhas vermelhas", disse Pinheiro, por telefone, à Folha. Pelo menos 80 mil pessoas morreram em mais de dois anos de guerra, segundo as Nações Unidas.

O presidente dos EUA, Barack Obama, havia classificado o uso de armas químicas pelo regime de Bashar al-Assad como uma "linha vermelha" --que, se cruzada, levaria a uma "mudança no jogo".

Segundo o chanceler francês, Laurent Fabius, testes de laboratório com amostras coletadas na Síria confirmaram que o sarin --gás que ataca o sistema nervoso-- foi usado "várias vezes" no país. Em pelo menos uma das ocasiões, num ataque de helicóptero em abril, o autor foi o regime.

Amostras de urina de vítimas teriam sido trazidas por repórteres do "Le Monde".

Diante das evidências, o chanceler francês afirmou que "todas as opções estão sobre a mesa". "Isso inclui não reagir ou reagir, inclusive com ações armadas contra os locais onde estão as armas."

O Reino Unido também confirmou que "fluidos corporais" coletados de vítimas de ataques continham sarin.

Os países enviaram à ONU os resultados dos testes. "Seria intolerável que os responsáveis por esses crimes ficassem impunes", disse Fabius.

Em novo relatório divulgado ontem, a comissão da ONU cita quatro ataques entre março e abril em que teriam sido usadas "quantidades limitadas" de agentes químicos.

Segundo a comissão, há "denúncias sobre o uso de armas químicas pelos dois lados". "[Mas] a maioria se refere ao seu uso pelo governo", diz o texto, que ainda denuncia o uso, pelo regime, de bombas termobáricas --usadas para destruir bunkers.

Apesar do anúncio dos governos francês e britânico, a Casa Branca disse serem necessárias mais provas sobre o uso do gás sarin pelo regime.

Hoje, representantes dos EUA, da Rússia e da ONU darão início às conversas em Genebra para uma possível solução política do conflito.

Segundo o relatório da comissão da ONU, a maior disponibilidade de armas --enviadas por outros países e grupos aos dois lados-- sustenta os "novos níveis de crueldade e brutalidade" dos envolvidos.

"No momento, não adianta dar armas para um lado para equilibrar. O equilíbrio não vai ser alcançado. Ter mais armas significa mais mortos e feridos", afirma Pinheiro.

O presidente da comissão adverte os países que enviam armas a considerar que também poderão ser responsabilizados, no futuro, pelas violações de direitos humanos.

Ontem, o presidente russo, Vladimir Putin, disse que ainda não enviou os mísseis de longo alcance S-300 à Síria. Na semana passada, o regime afirmou ter recebido a primeira entrega do armamento.

Os EUA, por sua vez, planejariam enviar mísseis Patriot e caças F-16 à Jordânia ainda neste mês, segundo o país vizinho à Síria. (ISABEL FLECK)


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