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Praça, europeus e EUA pedem saída de militares no Egito

Multidão estimada em 100 mil pessoas no Cairo exige governo civil imediatamente; Casa Branca faz coro

Junta ignora os apelos e nomeia novo primeiro-ministro; ativistas ameaçam boicotar eleição segunda-feira

MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL AO CAIRO
Esam Al-Fetori/Reuters
Manifestantes fazem ato contra o governo egípcio na praça Tahrir, no centro do Cairo
Manifestantes fazem ato contra o governo egípcio na praça Tahrir, no centro do Cairo

Num dia em que uma multidão estimada em 100 mil pessoas voltou à praça Tahrir exigindo a renúncia da junta militar que governa o Egito, Estados Unidos e União Europeia reforçaram ontem os apelos para que o poder seja transferido aos civis.

No recado mais direto aos militares egípcios desde que eles assumiram o poder, há nove meses, a Casa Branca manifestou seu apoio aos manifestantes impacientes com a demora na transição.

"A total transferência de poder para um governo civil deve ocorrer de maneira justa e inclusiva para responder às aspirações legítimas do povo egípcio, o mais breve possível", disse a Casa Branca.

A UE seguiu o mesmo tom de cobrança, exigindo uma transição rápida e condenando o uso de "força excessiva" contra os manifestantes.

Segundo o Ministério da Saúde, 41 pessoas morreram na repressão à onda de protestos da última semana.

'CHEGA DE GENERAIS!'

Embora não tenha incluído ameaças de retaliação, o alerta de americanos e europeus dá peso internacional à crescente pressão doméstica para que os generais egípcios ponham fim a 60 anos de governo militar no Egito.

Com o recuo das forças de segurança das proximidades da praça Tahrir, o epicentro da revolta que derrubou o ditador Hosni Mubarak reviveu o clima de protesto pacífico do início do ano, sem repetição dos confrontos recentes.

Outro protesto, pró-junta, reuniu 15 mil pessoas.

Da parte dos manifestantes, nenhum recuo. A nomeação de Kamal Ganzouri, premiê de Mubarak na década de 90, para formar o novo gabinete, foi vista como sinal de que os militares não pretendem ceder à nova ordem.

Com o olho direito recém-operado coberto por um curativo, após ter sido atingido por uma bala de borracha num confronto com a polícia, o auxiliar de escritório Mostafa Sorour, 21, voltou à praça disposto a manter a pressão sobre os militares.

"Chega de generais", disse ele, empunhando uma bandeira do Egito. "Estava aqui em janeiro e voltarei até que os militares deem o fora."

Em meio ao clima predominantemente familiar, com idosos e crianças ao lado da massa de jovens que protagonizaram a queda de Mubarak, discussões espocavam na praça em torno dos próximos passos da revolução.

A única unanimidade era a demanda pela saída imediata dos militares. "Não confiamos neles, suas promessas perderam a validade", disse Naya Elkesh, 30, funcionária do governo.

Líderes de diversas correntes se juntaram à manifestação, entre eles um dos principais candidatos presidenciais, Mohamed ElBaradei. Muitos manifestantes prometeram boicotar a votação parlamentar na segunda-feira.

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