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Com bombas e jatos, polícia turca esvazia praça, mas ativistas voltam

Taksim, em Istambul, é alvo de operação para remover grupos que se concentram lá há 12 dias

Premiê Erdogan diz ver 'conspiração' contra o seu governo e promete 'caçar provocadores'; advogados são detidos

ALICE MARTINS COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM ISTAMBUL

Com bombas de gás lacrimogêneo e jatos d'água, a polícia da Turquia expulsou ontem pela manhã os manifestantes da praça Taksim, em Istambul, num agravamento do confronto que já dura 12 dias com o governo do premiê Recep Tayyip Erdogan.

À noite, porém, dezenas de milhares voltaram a se reunir na Taksim e no parque Gezi, anexo à praça --uma obra no parque foi o estopim dos protestos. Os policiais recorreram de novo ao gás e usaram balas de borracha; manifestantes responderam com pedras e bombas incendiárias.

"As pessoas começaram a correr, em pânico, e muitas caíram no chão", relatou Isil, uma das participantes do protesto, que preferiu não revelar seu sobrenome à Folha.

Isil disse também que, ainda que se preocupe com a violência, não pretende deixar o parque Gezi: "O governo ainda não cedeu a nossas exigências. Não posso voltar pra casa até que isso aconteça".

Até a 1h (19h em Brasília), muitos tentavam retornar à praça Taksim. A reportagem da Folha foi atingida pelos canhões d'água da polícia, junto com os manifestantes.

O governador de Istambul, Huseyin Avni Mutlu, fez um apelo aos manifestantes "pacíficos" para que fiquem longe da praça até que "grupos de marginais" saiam do local.

Voluntários estimam que, nos confrontos da manhã, ao menos 300 pessoas tenham passado mal com o gás e pelo menos outras 12 tenham sofrido ferimentos na cabeça.

Cerca de 50 médicos trabalham desde o início dos protestos em quatro centros improvisados no parque Gezi, prestando primeiros socorros com material doado pelos manifestantes. "Precisamos fazer tudo por nós mesmos, já que perdemos totalmente a confiança no governo e na polícia para nos proteger", afirmou a médica Esra Özkan.

Segundo entidades de direitos humanos, quatro pessoas morreram e 5.000 foram feridas ou se intoxicaram desde o início dos protestos, que atingiram quase 80 cidades.

'CONSPIRAÇÃO'

Ontem, Erdogan acusou os manifestantes de fazer parte de uma "conspiração" contra seu governo. "Eles estão sendo usados por instituições financeiras, pelo lobby da taxa de juros e por grupos de mídia para prejudicar a economia da Turquia e afastar os investidores", afirmou ele.

Apesar de o governo ter proposto conversar hoje com manifestantes, o premiê manteve o discurso duro: disse que não iria "se ajoelhar nem pedir por favor'" aos ocupantes da praça e prometeu "não só acabar com os distúrbios, mas caçar provocadores e terroristas. Ninguém irá se safar".

Ainda ontem, segundo a mídia turca, cerca de 50 advogados foram presos por protestar contra a violência policial numa corte de Istambul. Os advogados se queixaram de ter sido agredidos.

Anteontem, o presidente turco, Abdullah Gül, assinou lei que limita a venda de bebidas alcoólicas no país, um dos motivos dos protestos contra o governo Erdogan.


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