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Aumenta nos EUA total de mulheres que sustentam lares

Pesquisa revela que a mãe é a 'provedora' da família em 40% das casas; nos anos 60, esse percentual era de 11%

Tendência foi acelerada após a crise econômica instalada em 2008, que atingiu fortemente a mão de obra masculina

JOANA CUNHA DE NOVA YORK

A figura de "Rosie the Riveter", personagem do cartaz que simbolizou a operária americana na Segunda Guerra e incitou as mulheres a deixarem o trabalho doméstico rumo às fábricas em substituição aos maridos que partiram, se reconfigurou nos Estados Unidos pós-recessão.

Em uma tendência acelerada desde a deflagração da crise econômica no país, a parcela de lares com filhos abaixo de 18 anos cujas mães representam a principal fonte de recursos atingiu um recorde de 40% no final de 2011, segundo estudo feito pelo Pew Research Center.

Nos anos 1960, essa participação se resumia a 11%. A título de comparação, no Brasil, de acordo com o Censo mais recente do IBGE, de 2010, 37,3% das famílias são chefiadas por mulheres.

As "ganhadoras de pão" se dividem em dois grupos com fortes diferenças, disse à Folha Wendy Wang, uma das responsáveis pela pesquisa no instituto.

"[Entre as 'provedoras'] as mães sozinhas (63%) geralmente são jovens, na maioria negras ou hispânicas e de baixa escolaridade. Elas contrastam com o perfil de um grupo de mulheres que estão ganhando mais que os maridos (37%), brancas, mais velhas e escolarizadas."

O reflexo está no crescimento da taxa de emprego delas, de 37% em 1968 para 65% em 2011.

As mulheres representam hoje 47% da força de trabalho americana, como personifica Regina Redden, 56, que em quatro anos se tornou gerente de uma empresa de paisagismo no Texas. A crise, que atingiu profundamente a mão de obra masculina, levou o emprego do marido.

A evolução foi acompanhada de uma mudança nos papéis tradicionais dos gêneros, segundo Redden, que diz ser responsável por pintar a casa e reparar danos elétricos. Ela também cozinha, limpa e faz as compras.

"Ele só corta a grama", diz, lembrando-se de quando aprendeu tudo há mais de 15 anos, após se separar do primeiro marido e ficar responsável pelos três filhos.

"O seguro-desemprego dele dá para pagar água, luz e o celular", conta.

O cotidiano de Redden não foi o único afetado pela crise. A parcela de mães que diziam que o ideal seria ter um trabalho de tempo integral subiu de 20% em 2007 para 32% em 2012, de acordo com o instituto de pesquisa.

Melody, 49, que pede para ocultar seu sobrenome, é motorista em Ohio, mas já foi de garçonete até corretora de imóveis desde que se divorciou e ficou com os gêmeos.

OPINIÃO DIVIDIDA

"O estudo mostra que, apesar de tantas mudanças, ainda existe uma ambivalência na opinião dos americanos diante da nova realidade", afirma Wang.

"Nem sempre é fácil", diz Melody, endossando os 74% que acreditam que o aumento do número de mulheres trabalhando para sustentar a casa dificultou a educação dos filhos. "Parei de estudar e só pude voltar aos 40. Ainda não terminei porque estou esperando ter dinheiro."

Mas a ampla maioria rejeita a ideia de que a mulher deveria resgatar seu papel tradicional da década de 1950. "Sempre fui independente, e penso que elas estão querendo estudar e ter mais liberdade", diz a artista plástica nova-iorquina Lucy Mahler, 64.


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