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Merenda em escola da Índia mata ao menos 25 crianças
Segundo testes iniciais, comida servida pode ter sido contaminada por pesticidas usados em plantações
Revoltados, pais e moradores queimaram carros policiais; país tem maior programa de merenda do mundo
Pelo menos 25 crianças morreram e outras dezenas foram parar no hospital depois de comerem a merenda gratuita de uma escola primária na vila de Gandamal, no Estado de Bihar, leste da Índia.
No almoço servido anteontem às crianças, com idades entre seis e dez anos, havia arroz com lentilhas. A refeição foi preparada na cozinha da escola.
Os funcionários suspenderam o fornecimento da merenda depois que as crianças começaram a vomitar.
Testes iniciais mostraram que a comida pode ter sido contaminada pelo fósforo presente em pesticidas usados em plantações de trigo e arroz da região.
Um importante funcionário da área de saúde do governo, em Nova Déli, disse que os ingredientes para a refeição podem ter sido armazenados muito perto de produtos químicos perigosos.
Segundo o médico KM Dubey, do hospital de Chapra, as crianças "apresentavam congestão severa no peito e pupilas dilatadas, sintomas de envenenamento".
Uma cozinheira disse ao ministro estadual da Educação, contudo, que a escola havia comprado um novo tipo de óleo que parecia "descolorido e pegajoso". Ela teria comunicado isso à diretora, que garantiu que o óleo, comprado na loja de seu marido, era "caseiro e seguro para consumo".
Os pais inicialmente levaram os filhos ao rudimentar posto de saúde local. Mais tarde, as crianças foram transferidas a hospitais da região.
Ontem, pais e moradores revoltados tomaram o distrito de Chapra, onde fica a escola. Lojas foram fechadas e manifestantes viraram e queimaram quatro carros policiais, além de bloquear ruas movimentadas e trilhos de trem.
O programa de alimentação escolar gratuita da Índia é o maior sistema desse tipo no mundo, e serve 114 milhões de crianças. O do Brasil vem em segundo lugar, com 47 milhões de crianças atendidas.
Os preços da comida dispararam na Índia nos últimos anos, e os pais de famílias mais pobres dependem das refeições fornecidas pelas escolas para garantir a nutrição das crianças.
No entanto, o programa enfrenta sérios problemas de desperdício e corrupção. Incidentes de envenenamento são comuns, ainda que raramente tão graves.
As autoridades suspenderam um fiscal de alimentos e iniciaram um caso de negligência criminosa contra a diretora da escola. Nitish Kumar, ministro chefe do Estado de Bihar, ordenou um inquérito e anunciou uma indenização de 200 mil rúpias (cerca de R$ 7.500) aos pais das crianças mortas.