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Diálogo Israel-Palestina será retomado
Secretário de Estado dos EUA anuncia que estão prontas as bases para o reinício de negociações diretas de paz
Apesar do pessimismo generalizado, objetivo seria a criação de dois Estados; processo estava parado havia três anos
O secretário de Estado americano, John Kerry, anunciou ontem que foram estabelecidas as bases para retomar negociações diretas entre palestinos e israelenses, após quase três anos de paralisação do processo de paz.
Apesar de não haver um acordo formal e do clima de ceticismo, é esperado que os negociadores israelense --Tzipi Livni (ministra da Justiça)-- e palestino --Saeb Erekat-- visitem Washington na semana que vem para discutir os detalhes.
O anúncio de Kerry vinha sendo especulado desde anteontem. O que foi decidido é que o diálogo começará, para só então se passar aos temas de um acordo.
Um funcionário de alto escalão do governo de Israel afirmou anteontem à Folha que o país estava pronto para retomar as negociações sem precondições e que os avanços dependiam, então, de uma posição palestina.
A liderança da Autoridade Nacional Palestina, no entanto, entrou em desacordo com o presidente Mahmoud Abbas. A decisão foi adiada para ontem, quando Kerry fez uma inesperada visita a Ramallah (Cisjordânia).
"A melhor maneira para darmos uma chance a essas negociações é mantê-las em privado", disse Kerry.
Especula-se que a negociação pode ser feita com a entrega aos palestinos de territórios conquistados por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967 --Cisjordânia, faixa de Gaza e partes de Jerusalém Oriental. Também pode ser discutida a libertação de prisioneiros palestinos.
Segundo o jornal "Haaretz", porém, ambos os lados expressarão publicamente suas ressalvas. Palestinos não vão aceitar Israel como Estado judaico, e muitos israelenses dirão não estar preparados para retornar às fronteiras anteriores à guerra.
ESFORÇOS
Nos últimos meses, uma série de indícios apontava para avanços no processo de paz. Substituindo Hillary Clinton no cargo, Kerry havia tomado para si a tarefa de reiniciar as negociações.
Anteontem, Shimon Peres, presidente israelense, disse que a paz está "ao alcance" devido aos esforços de Kerry. Ele esteve seis vezes na região desde a visita do presidente Barack Obama, em março.
"Ambos os lados estão se esforçando para superar os obstáculos", disse Peres
Também deve servir de incentivo a decisão da União Europeia de excluir os assentamentos na Cisjordânia de acordos assinados com Israel a partir de 2014.
A líder israelense da oposição, Shelly Yachimovich, enviou carta ao premiê Binyamin Netanyahu pedindo que considere as sanções europeias como ímpeto a retomar as negociações.