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Obama diz entender frustração de negros

Presidente pondera que reação à absolvição de vigia que matou Trayvon Martin precisa ser entendida em contexto

Segundo ele, negros do país sabem que há "uma história de disparidade racial na aplicação de leis"

RAUL JUSTE LORES DE WASHINGTON

Quase uma semana após a absolvição de George Zimmerman, o homem que matou o adolescente negro Trayvon Martin, 17, na Flórida, o presidente Barack Obama falou ontem que o país precisava de "contexto" para entender os inúmeros protestos contra a decisão da Justiça.

Ele pediu ainda um debate nacional "entre as famílias, nas igrejas e nos locais de trabalho" sobre raça e oportunidades para jovens negros.

"A comunidade afro-americana sabe que há uma história de disparidades raciais na aplicação das leis criminais, da pena de morte ao combate às drogas", afirmou.

Foi o primeiro grande discurso sobre racismo de Obama desde que chegou à Casa Branca. Ele disse que "poderia ter sido Trayvon Martin há 35 anos". Quando o crime ocorreu, em fevereiro de 2012, já havia dito que o adolescente poderia ser seu filho.

"Poucos afro-americanos neste país não tiveram a experiência de ser seguidos enquanto faziam compras em lojas de departamentos", disse.

"Ou, ao andar pela rua, ouvir as portas dos carros sendo travadas imediatamente. Acontecia comigo antes de virar senador", descreveu.

"Esses conjuntos de experiências dão forma à maneira pela qual a comunidade afro-americana interpreta o que aconteceu na Flórida."

No dia 14, Zimmerman foi absolvido por legítima defesa. Ele trabalhava como vigia voluntário do bairro e seguiu Martin, que usava moletom com capuz, por suspeitar de seu comportamento.

O vigia chegou a ligar para a polícia, mas diz que, antes da chegada dos agentes, foi golpeado pelo adolescente. Ele acabou matando Martin com um disparo de revólver.

Mais tarde descobriu-se que o jovem estava desarmado e seguia para a casa da namorada do pai.

Obama destacou que a juíza foi "profissional", que defesa e promotores puderam apresentar seus argumentos e o júri tomou sua decisão. "É assim que nosso sistema funciona", contemporizou.

"Isso não quer dizer que a comunidade afro-americana seja ingênua sobre o fato de que jovens afro-americanos são desproporcionalmente envolvidos no sistema criminal, como vítimas e perpetradores de violência. Mas há um contexto histórico."

"Parte da violência que acontece nos bairros negros pobres do país nasce de um passado violento da nação."

Para diversos analistas políticos americanos, Obama evita o tema racial por achar que o debate pode acabar se centrando nele próprio. Por ser uma figura polarizadora, ele fala pouco do assunto.

Diante do silêncio, porém, algumas lideranças negras vinham cobrando uma posição do presidente, apesar da limitação de seus poderes.

"Tradicionalmente, esses assuntos são de esfera local e estadual. Seria útil examinar algumas leis locais e estaduais", disse Obama no discurso de ontem.

E fez uma provocação: "Há um senso de que se um adolescente branco estivesse envolvido em um caso parecido, os resultados teriam sido diferentes de cima a baixo."


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