Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Análise

Rótulo é êxito de marketing para O'Neill e para o Brasil

NELSON DE SÁ
ARTICULISTA DA FOLHA

PARA ALGUNS, FOI A EXPECTATIVA CRIADA POR O'NEILL QUE INFLUENCIOU NA ESCOLHA DO BRASIL PARA OS JOGOS DE 2016

"O rockstar do Goldman Sachs." Foi como a "Rolling Stone" descreveu Jim O'Neill e está agora na capa de seu novo livro, "The Growth Map", em que revisita o conceito que criou há dez anos.

Bric mudou a vida de O'Neill. "Desde então minha carreira foi definida por aquela palavra", escreve. De economista do banco, virou administrador de uma carteira bilionária. Mas o êxito de marketing foi maior para Brasil, Rússia, Índia e China.

"A marca ajudou o Brasil a se posicionar globalmente", diz Oliver Stuenkel, da FGV. "É a primeira vez que um banco cria um rótulo que se reflete na realidade geopolítica."

Não é o primeiro rótulo. Cortina de Ferro, derivado do teatro, foi popularizado por Churchill no pós-guerra. Terceiro Mundo veio de um historiador francês. Com o fim da Guerra Fria, os anos 90 viveram uma disputa de marcas, até aparecer Bric.

Que "deu certo porque os países quiseram", criando até o grupo concorrente ao G7. Estreou em 2009, depois convidou a África do Sul e faz nova cúpula em abril, na Índia.

Como a percepção sobre os países, no cenário global, segue hoje o mercado financeiro, "expectativas importam".

Para alguns, como o "New York Times" de ontem, foi a expectativa criada por O'Neill que influenciou na escolha do Brasil para os Jogos de 2016 e levou o "status internacional" de Lula às alturas.

"Incluir o Brasil entre os Brics foi a minha aposta de maior risco", escreve O'Neill, para ressaltar que é agora uma das "maiores surpresas", passando a economia da Itália já em 2010.

O'Neill não teve tanto sucesso de marketing com o segundo grupo que lançou em 2005, o Next Eleven, os próximos 11. Mas não desiste e tenta agora com "mercados de crescimento", juntando os quatro Brics com Indonésia, Coreia do Sul, México e Turquia, aliados do Ocidente.

Desde que o termo Bric estreou, ele vem sendo insistentemente desconstruído por analistas ocidentais, mas perdura, não só pelo crescimento dos quatro, mas pelo retorno que deram aos investidores -eram eles o público alvo do estudo de O'Neill.

Stuenkel diz que "especialistas dos EUA criticam, sublinhando as diferenças entre os Brics, porque o grupo ameaça seu papel como formulador da agenda internacional". E a agenda, afirma, "é o poder de verdade".

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.