Índice geral Mundo
Mundo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

ilustrada em cima da hora

Nan Goldin nega pornografia em sua obra

Artista que exporia no Oi Futuro diz ter havido 'interpretação ridícula' de suas fotos

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Em defesa de sua mostra, cancelada pelo Oi Futuro, no Rio, Nan Goldin disse que sua obra "não é sobre sexo e drogas, e sim sobre os relacionamentos entre homens e mulheres, suas dificuldades e todas as formas de sexualidade, gêneros e do amor."

Marcada para janeiro no centro cultural carioca, a exposição da artista norte-americana foi cancelada nesta semana por ter imagens em que crianças aparecem nuas ou diante de adultos em cenas eróticas -o Oi Futuro alegou que a mostra ia contra seus programas educativos, mas manteve seu patrocínio de R$ 300 mil para a exposição.

"Fizeram uma interpretação ridícula do trabalho", disse Goldin em entrevista à Folha. "Não há exploração nenhuma de crianças, nem voyeurismo ou pornografia, que é algo feito para vender, um produto destinado à excitação sexual de terceiros."

"Nunca imaginei que as crianças fossem ser o problema", disse. "É estranho que tenham se preocupado tanto com as minhas fotografias quando tantas crianças vivem nas ruas no Brasil e ninguém parece se importar muito."

Ela ressalta que os menores retratados nas séries estavam próximas dos pais em ambientes familiares. Uma delas, de uma menina brincando com a bebê irmã nua, levou, no entanto, à interrupção de outra de suas mostras.

Um centro cultural no Reino Unido chegou a ser fechado pela polícia há quatro anos quando o trabalho foi exposto, mas o cantor Elton John, que comprou a obra, saiu em defesa da artista.

"Sempre tentam causar sensação com minha obra e tirar o valor dela dizendo que tudo se resume a sexo e drogas", diz Goldin. "Saio prejudicada por ser honesta demais, tudo acaba sendo negado, quando meu trabalho é sobre minha própria tribo."

Goldin chegou a ceder na negociação com o Oi Futuro, concordando em retirar algumas imagens da mostra, mas não quis alterar o conteúdo de "The Ballad of Sexual Dependency", a balada da dependência sexual, que esteve, sem censura, na última Bienal de São Paulo, em 2010.

Sua série mais célebre, "Ballad" é um olhar autobiográfico que documenta três décadas na vida da artista, com alguns episódios de sexo explícito e uso de drogas.

Goldin, que planejava vir ao Rio em dezembro, diz que ainda quer realizar uma série sobre travestis no Brasil. "Gosto de explorar a ideia de solidão e a incapacidade que algumas pessoas sentem ao se relacionar com as outras."

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.