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Análise

Governo desistiu de modificar traçado de curva fechada

MIGUEL-ANXO MURADO DO "GUARDIAN"

Entre os sobreviventes, o maquinista saiu do trem acidentado na Espanha murmurando: "Somos todos humanos". Admitiu depois estar acima da velocidade legal.

Mesmo que, por ora, um erro humano pareça ser a causa do acidente, outras questões se abrirão depois.

A curva do acidente tem uma história: é perceptivelmente fechada. Houve propostas de refazer aquele trecho da rota, que esbarraram nas dificuldade de fazer desapropriações na Galícia. Por isso, a curva foi deixada como era, e a velocidade no local foi limitada aos 80 km/h.

Isso teria bastado, se o trem respeitasse as regras. Reduzir a velocidade de 200 km/h a 80 km/h era o trabalho do maquinista, mas não um trabalho fácil.

No dia da inauguração da linha, em 2011, um presságio: muitos passageiros sentiram um estranho choque quando o trem entrou na curva em questão. Talvez devêssemos ter ouvido a geografia, mas todo mundo (os políticos, a mídia, o povo...) estava unido no entusiasmo.

Não o afirmo para atribuir culpa. Caberá à lei identificar culpados. Mas não consigo deixar de sentir que, em algum nível moral, superficial ou profundo, também tivemos um papel na tragédia.

Esse foi o episódio final, e mais trágico, em uma década de sonhos desmedidos, trens rápidos e dinheiro ainda mais rápido.


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