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Desastre com trem espanhol tem brasileiro entre vítimas
Segundo a polícia, Fabio Cundines Antelo, 25, era também espanhol
Polícia revisa número de mortos de 80 para 78; indiciado, maquinista pode pegar até 4 anos de prisão
Um brasileiro com nacionalidade espanhola está entre os 78 mortos pelo descarrilamento de um trem na Galícia, no norte da Espanha, na noite de quarta-feira.
De acordo com lista provisória divulgada ontem pela policia galega, ele é Fabio Cundines Antelo, 25.
Antelo vivia em Santiago de Compostela e seu corpo já foi reconhecido por familiares, segundo disse à Folha um representante do Tribunal de Justiça da Galícia.
O consulado do Brasil em Madri disse que recebeu a notícia na tarde de ontem do serviço consular do Ministério de Exteriores espanhol e que se colocou à disposição da família de Antelo, que tem nacionalidade espanhola.
Embora não confirme a identidade da vítima, o Ministério das Relações Exteriores diz que entrou em contato com a família, que teria dispensado auxílio do governo.
Além de Antelo, há outros dez estrangeiros entre os mortos, de nacionalidades venezuelana, mexicana, norte-americana, argelina, colombiana, francesa, italiana e dominicana.
Ontem, a polícia galega revisou para baixo o número de mortos: 78, em vez de 80 como havia divulgado anteontem. Três corpos ainda não haviam sido identificados.
Entre os reconhecidos, a maioria --48, segundo a lista provisória-- era de cidades da Galícia. O dia do acidente era véspera do feriado pelo dia de Santiago, patrono da Espanha, que seria celebrado com uma festa de sete dias na capital galega.
MAQUINISTA
Ontem, o maquinista Francisco Garzón Amo, que conduzia o trem no momento do choque, negou-se a prestar depoimento à Justiça. Ele foi indiciado por imprudência temerária com morte, um delito para o qual a Constituição espanhola prevê até quatro anos de prisão.
Até a noite de ontem, o condutor estava sob escolta policial em um hospital de Santiago, onde está internado por ferimentos leves. Ele pode ter a prisão preventiva decretada hoje pela manhã.
Como a Justiça ainda não ouviu as caixas pretas do trem, a principal suspeita da causa do acidente segue sendo o excesso de velocidade.
A Adif, administradora das estruturas ferroviárias da Espanha, informou que notificou ao condutor de que tinha que reduzir a velocidade quatro quilômetros antes do local do descarrilamento, uma curva acentuada perto da entrada da estação da cidade.
Mas a Justiça também considera indícios de falha técnica. O trecho onde ocorreu o acidente tinha um sistema que, em teoria, detecta excesso de velocidade e, caso o maquinista não a reduza, poderia acionar automaticamente os freios do trem.
O trecho foi totalmente restaurado, e trens de linha convencional voltaram a circular nele. Hoje voltam a operar os trens do mesmo tipo do que descarrilou, o Alvia, um modelo híbrido que é o mais moderno da frota espanhola.
Na segunda-feira, o arcebispo de Santiago, Julian Barrio, presidirá uma cerimônia pelas vítimas do acidente.