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BCs se unem para salvar bancos europeus

Seis instituições, sob a coordenação do Fed, fecham um acordo para aumentar a liquidez nos mercados em crise

Bolsas disparam após o anúncio; ação prorroga e amplia o acesso de países a dólares para seus sistemas bancários

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Bancos centrais mundo afora anunciaram ontem medidas para aumentar a liquidez nos mercados e injetar dólares em seus combalidos sistemas bancários, concretizando, após meses, a promessa de ação coordenada para frear a crise global.

Os alvos são os bancos europeus, especialmente expostos à crise e ao temor dos investidores e que pagam ágio crescente para obter crédito.

A ação -coordenada pelo Federal Reserve (o BC americano) com autoridades de Reino Unido, Suíça, Canadá, Japão e do Banco Central Europeu- foi recebida com entusiasmo pelos mercados.

O Dow Jones, principal índice da Bolsa de Valores de Nova York, fechou com alta de 4,24%, enquanto o índice amplo S&P 500 saltou 4,33%. Em Londres, o FTSE 100 ganhou 3,16%, e em São Paulo a Bovespa avançou 2,85%. O dólar caiu 2,04%, fechando a R$ 1,813.

Embora o anúncio vise as Bolsas em um primeiro momento, os BCs olham além.

"O propósito dessas medidas é relaxar as tensões nos mercados e mitigar seus efeitos sobre a oferta de crédito para residências e empresas, estimulando, dessa maneira, a atividade econômica", diz o Fed em comunicado.

Horas antes, o banco central da China, em movimento separado, havia anunciado a redução da exigência mínima de reservas para seus bancos, liberando assim mais dinheiro na praça.

A medida é a primeira em dois anos a relaxar a política monetária em Pequim, frequentemente chamada por instituições e governos de outros países a tomar medidas que estimulem o consumo interno e encareçam sua moeda, o yuan.

COORDENAÇÃO

A ação dos BCs, que entra em vigor na próxima segunda, amplia e prorroga até fevereiro de 2013 um mecanismo para irrigar com dólares baratos bancos fora dos EUA.

Com ele, os BCs envolvidos pagarão 0,5 ponto percentual menos por linhas de crédito na moeda americana, podendo, por sua vez, oferecê-las a juros menores aos bancos de seus países.

Mais do que a injeção de liquidez em si, entretanto, analistas e investidores aplaudiram a ação conjunta.

Medidas coordenadas como as tomadas em 2008 eram esperadas desde que a crise passou a recrudescer, neste ano, e foram prometidas em praticamente todas as cúpulas globais. Só agora, porém, elas tomam corpo.

"Não é a bazuca que o mercado queria, mas uma ação coordenada para dar acesso barato ao financiamento em dólares é uma resposta significativa à crise", escreveu Richard Barley, no "Wall Street Journal".

"Deve aliviar a pressão sobre os bancos para que vendam ativos, ajudando a driblar a crescente retração no crédito na zona do euro que já afeta a economia global."

O analista lembra, porém, que o escopo da medida expõe o tamanho do problema e enfatiza que ainda se espera ação enfática dos europeus para reverter o estrago em sua costa mediterrânea (Grécia, Itália, Espanha e Portugal).

Felipe Brandão, especialista em mercados emergentes da corretora Icap Brasil, concorda: "O que os mercados querem ver agora são justamente medidas de caráter mais estrutural, para realmente resolver o problema".

Colaborou EPAMINONDAS NETO

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