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Argentina pede normas contra espionagem
Chanceler brasileiro Antonio Patriota diz que explicações para vigilância são insuficientes
Aproveitando a presidência temporária da Argentina no Conselho de Segurança das Nações Unidas no mês de agosto, a presidente Cristina Kirchner usou seu discurso de abertura da sessão de ontem para criticar o programa de espionagem americano.
Ela pediu "regulações globais para assegurar a soberania dos países e a defesa da vida privada", ecoando o ação dos ministros das Relações Exteriores do Mercosul, que no dia anterior levaram ao secretário-geral Ban Ki-moon a mensagem de repúdio do bloco à vigilância praticada pela NSA (Agência de Segurança Nacional).
No debate aberto do Conselho de Segurança, o chanceler brasileiro Antonio Patriota introduziu o assunto logo na abertura de seu discurso.
"A senhora facilitou minha tarefa ao mencionar a interceptação de comunicações e as ações de espionagem em nossa região, que fazem parte de práticas que atentam contra as soberanias."
Em entrevista a jornalistas mais tarde, ele citou que os esforços para desenvolver a governança da internet já têm resultados práticos.
Sem entrar em detalhes nem citar nomes, o ministro afirmou que um país está propondo "um protocolo adicional ao pacto sobre os direitos civis e políticos, um dos instrumentos internacionais que contêm dispositivos que versam sobre o direito à privacidade para especificar como esses direitos devem ser resguardados na era da internet".
Patriota voltou a dizer, por outro lado, que as explicações dadas até agora pelos Estados Unidos ao Brasil ainda são insuficientes e que o país tem demandado esclarecimentos adicionais.
Ele expressou otimismo com a chegada da nova representante dos Estados Unidos na ONU, a embaixadora Samantha Power, para conduzir a questão.
"É uma amiga pessoal, se interessa muito pela diplomacia brasileira e escreveu, inclusive, um livro sobre Sérgio Vieira de Mello, [morto em 2003 em missão da ONU no Iraque]."
O chanceler almoçou com a presidente argentina na tarde de ontem, em um encontro de cortesia, em que o assunto das barreiras burocráticas às importações do Brasil não foram levantados, segundo ele.