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Relatório de agência nuclear criou atrito com Rússia

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

O último relatório da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica) sobre o Irã enfureceu a Rússia, que cogitou moção de censura ao diretor-geral da entidade, o japonês Yukiya Amano.

O governo de Moscou ficou especialmente irritado com a menção a um cientista russo que trabalhou no Irã de 1996 a "cerca de" 2002.

Os russos argumentam que já haviam prestado esclarecimentos à AIEA sobre as atividades do cientista, especializado em nanodiamantes, partículas ultrarresistentes de carbono obtidas em explosões e usadas na indústria e na medicina.

O relatório insinua que essas atividades do "especialista estrangeiro" eram uma cobertura para a transferência ao Irã de tecnologia de detonações atômicas.

Segundo fontes brasileiras que acompanharam a polêmica, também houve críticas a Amano por causa do vazamento do relatório antes que ele fosse discutido pela junta de governadores da AIEA, em 17 e 18 de novembro. O diretor-geral esteve em Washington pouco antes de publicar o texto.

Amano endureceu o tom dos informes trimestrais sobre o Irã desde que tomou posse, em 2009. Mas o último relatório mudou o formato e o conteúdo dos que eram feitos por seu antecessor, o egípcio Mohammed ElBaradei.

Pela primeira vez, a parte dedicada às "possíveis dimensões militares" ocupa mais da metade das 25 páginas, incluindo anexos. Nela, são listadas informações repassadas à AIEA por "dez países-membros" não especificados e outras "obtidas por esforços próprios".

A conclusão é que, apesar de ter suspendido em 2003 um projeto secreto para obter a bomba, o Irã teria continuado, de forma menos coordenada, pesquisas nucleares para uso militar.

Nos relatórios de El Baradei, "supostos estudos" sobre a bomba no Irã obtidos por agências de espionagem ocidentais eram citados sem detalhes, uma vez que não haviam sido confirmados de forma independente pelos inspetores da AIEA.

Estes têm acesso às instalações atômicas declaradas por Teerã, incluindo as fábricas de enriquecimento de urânio.

As fontes ouvidas pela Folha dizem que não têm como provar a veracidade dos dados do relatório. Consideram, no entanto, que a atual onda de pressões sobre o Irã é contraprodutiva e pode vir a acelerar a militarização do seu programa atômico.

Na AIEA, a resolução contra o Irã foi diluída por pressão da Rússia e da China.

Um parágrafo proposto por países ocidentais que apoiava a gestão de Amano foi derrubado.

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