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Marcos Caramuru de Paiva

Alô, Embratur

Em 2012, chineses gastaram US$ 102 bilhões no exterior, mas, para órgão brasileiro, país não é uma prioridade

Há um debate agitado na China, inclusive nas redes sociais, sobre o comportamento dos turistas chineses no exterior.

O Serviço de Viagens fez uma chamada geral aos bons modos. Uma alta autoridade política declarou que é preciso supervisionar a civilidade dos cidadãos. A Administração Nacional do Turismo divulgou uma cartilha para quem sai do país.

Dois ou três vexames recentes causaram furor entre viajantes bem comportados. Ser turista disciplinado é obrigação, diz a cartilha.

Em 2012, os chineses fizeram 80 milhões de viagens internacionais. Os gastos correspondentes alcançaram US$ 102 bilhões. O número de viajantes será crescente: fala-se em 100 milhões em 2015.

Uma família de classe média alta viaja, em média, 2,8 vezes ao ano.

Antes viajava até mais. Agora que já conhece muita coisa, prefere alongar seu tempo nos lugares.

Os chineses são os turistas que mais compram artigos de luxo em viagens: € 875 por aquisição isenta de taxas, 70% acima da média global. Um chinês, dizem as pesquisas, identifica 40 marcas e, quando as encontra, leva algo.

Mas há um bom número de pessoas que só deseja ver a natureza, encontrar a paz que não existe nas megalópoles.

Na China, o que mais se aprecia num centro urbano é um lugar calmo. É comum agradar os convidados levando-os a restaurantes vazios ou alugando uma sala própria, separada do local onde estão os demais clientes.

Sair de casa à cata de um animal, uma beleza natural, um prato típico ou uma fruta é costume nos roteiros internos. Quem vai ao exterior busca frequentemente algo assim. Quer experimentar sabores novos.

Mas também sente falta da culinária que conhece. Um amigo certa vez me disse: "Levei meus pais a Roma. Eles adoraram. Há chineses excelentes por lá".

A escolha dos roteiros internacionais não segue padrões. Visitar a África do Sul é uma febre que não passa, e a América Latina começa a chamar a atenção.

Recentemente, viajei ao lado de uma jovem aparentando vinte e muitos anos que regressava da Patagônia. Era a sua segunda viagem à região. Na primeira, havia ido às ilhas Galápagos. Deixará a Europa para quando tiver menos pique, disse-me.

A nossa Embratur declara a quem pergunta que a China não é prioridade. E a propaganda turística brasileira explora muito as praias, que os chineses não apreciam. Preferem um jardim botânico.

Mas, com a Amazônia, o Pantanal, Foz do Iguaçu e tantas outras maravilhas, temos tudo para nos tornarmos um destino preferencial. Só precisaremos nos organizar para que isso aconteça.

Ou, alternativamente, veremos os chineses chegarem no atropelo mesmo. Eles ainda sabem pouco do Brasil. Mas, quando nos conhecerem ou ouvirem histórias de quem já nos visitou, não se inibirão. Como não se inibiram ao se tornar, sem que percebêssemos, o nosso maior parceiro e maior desafio comercial.


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