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Eleição egípcia tem mais alta participação 'desde faraós'

Comissão eleitoral diz que 62% dos eleitores foram às urnas no país

Pesquisas eleitorais dizem que partidos islamitas figuram
nos primeiros lugares do pleito do Egito

MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

A primeira fase das eleições parlamentares no Egito registrou ªa mais alta participação desde os tempos faraônicosº, ironizou ontem o chefe da comissão eleitoral, Abdel Moez Ibrahim.

Segundo ele, votaram cerca de 8,4 milhões dos 13,6 milhões de eleitores registrados para esta rodada, um recorde para os padrões egípcios.

O comparecimento de 62% foi menor que os 70% previstos pela junta militar.

Mas ficou bem acima do que se esperava depois dos protestos que deixaram 42 mortos no Cairo e elevaram a pressão contra os generais.

Aguardados com enorme expectativa, os resultados oficiais da primeira eleição desde a queda do ditador Hosni Mubarak, em fevereiro, haviam sido prometidos para 20h (16h de Brasília) de ontem. Três horas depois, ainda não haviam saído.

O chefe da comissão eleitoral tratou de prolongar ainda mais o suspense. Quando se preparava para anunciar os resultados, Ibrahim pôs fim subitamente à entrevista.

ªNão tenho mais energia. Fiquei sem gásº, disse, instruindo os jornalistas a consultar por conta própria os volumosos resultados, que prometeu liberar em seguida.

Pesquisas preliminares indicavam a liderança do partido Liberdade e Justiça, da Irmandade Muçulmana, com cerca de 40% dos votos.

Em seguida, de acordo com as previsões, vinha outro partido islâmico, o salafista (ultraortodoxo) Al Nour, a grande surpresa da eleição. A aliança liberal Bloco Egípcio, teria ficado em terceiro.

Nesta primeira fase, realizada nas últimas segunda e terça-feiras, votaram os moradores de nove dos 27 distritos do país.

Mais duas rodadas de votação acontecem até janeiro para a Assembleia Popular, a câmara baixa. Em seguida haverá mais três fases de votação para a Shura, câmara alta do Parlamento.

A principal atribuição da Assembleia será criar uma comissão que redigirá a nova Constituição do país. Diante da alta participação, a Irmandade Muçulmana já defende que o Parlamento forme o governo provisório.

Alheio aos apelos, o premiê Kamal Ganzouri, indicado pela junta militar que governa o país, trabalha na formação de um novo gabinete.

Segundo a TV estatal, Ganzouri, premiê de Mubarak nos anos 90, manterá metade dos ministros do governo que renunciou na semana passada.

Na praça Tahrir, manifestantes fizeram um funeral simbólico, em homenagem aos 42 mortos na repressão policial da semana passada.

O Movimento 6 de Abril, um dos principais organizadores da revolta que derrubou Mubarak, anunciou que fará uma vigília até que suas demandas sejam atendidas. Entre elas, a principal é a transferência imediata de poder para um governo civil.

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