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'Raúl parece mais Thatcher que Marx'

Julia Sweig diz que reforma cubana não é só econômica, mas mudança radical na cultura de dependência do Estado

Autora afirma ainda que os Estados Unidos têm presença cada vez mais irrelevante na política interna cubana

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

As reformas em curso em Cuba são "verdadeiramente uma mudança na qual se pode acreditar", disse Julia Sweig, do CFR (Council on Foreign Relations), parafraseando o slogan da campanha de Barack Obama à Presidência dos EUA, em 2008.

Segundo a diretora da Iniciativa Brasil Global do influente centro de estudos de Washington, os negócios privados na ilha agora não são mais retratados como um "mal menor", mas sim como "um modo patriótico de melhorar o modelo socialista".

"Quando você ouve Raúl Castro falar, parece mais Margaret Thatcher [premiê britânica de 1979 a 1990] do que Karl Marx, por causa de sua ênfase em produtividade, em eficiência, em acumulação de capital", afirmou.

Sweig é autora de dois livros sobre Cuba -"Inside the Cuban Revolution" (Dentro da revolução cubana) e "Cuba: What Everyone Needs to Know" (Cuba: o que todo mundo precisa saber).

Para ela, é "nonsense" do governo dos EUA pensar que a reforma levado a cabo por Raúl nos últimos quatro anos é só econômica, porque representa também uma "mudança radical" do meio século de cultura política em que todos dependiam do Estado.

Citando a reação popular ao enxugamento do Estado em países como a Grécia, ela disse que os EUA estão errados quando pressionam por reformas mais rápidas.

"Não quero ver uma mudança caótica em Cuba. Há um óbvio lado ruim para os cubanos e também para a segurança nacional americana", afirmou.

Os cubano-americanos estão "muito à frente" dos políticos de Washington no tema, completou Sweig.

Eles aproveitam o fim das restrições de viagens e de remessas -"pequenas mudanças" no embargo- para investir nos negócios de suas famílias na ilha.

"Os EUA são cada vez mais irrelevantes na política interna de Cuba, o que para o governo cubano é perfeito. Se é difícil para o Brasil lidar com os EUA, imagina para Cuba fazer as reformas e ao mesmo tempo lidar com os EUA?"

A americana falou no Centro de Relações Internacionais da FGV-Rio sobre os bastidores da força-tarefa do CFR que, em julho, recomendou que o governo dos EUA apoie a candidatura brasileira a uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

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