Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
EUA obtêm apoio limitado para ataque
Em reunião do G20 na Rússia, apenas quatro países respaldaram ação americana sem aval de conselho da ONU
França agora diz que é preciso esperar informe das Nações Unidas sobre uso de armas químicas na periferia de Damasco
O presidente dos EUA, Barack Obama, sofreu um revés ontem no encerramento da reunião do G20 em São Petersburgo, na Rússia, ao conseguir o apoio de apenas quatro países para um ataque à Síria sem a chancela de uma resolução da ONU.
Canadá, Arábia Saudita, Turquia e Reino Unido apoiaram a intenção americana de intervir militarmente na guerra civil síria para coibir o governo Bashar al-Assad de usar armas químicas no conflito. Para o grupo, Damasco usou gás sarin contra oponentes no último dia 21 --o governo sírio nega.
Ainda assim, no pequeno bloco de apoio, o suporte de Londres não pode ser contabilizado sem constrangimentos, já que o Parlamento britânico votou contra uma ação militar na Síria.
Mesmo a França, do presidente Francois Hollande, soou mais cautelosa ontem sobre uma ação militar do que nos dias anteriores.
Sob pressão do Parlamento e da opinião pública franceses, Hollande disse que esperaria até os resultados de um relatório da ONU sobre o uso de armas químicas na Síria para decidir a respeito de uma intervenção militar. O informe das Nações Unidas sobre o caso não deve sair antes do fim de setembro.
O fracasso em conseguir forjar uma grande coalizão pró-ataque --num palco que contou com a campanha contra do anfitrião do G20 e aliado de Assad, o presidente russo Vladimir Putin -- fragiliza o esforço de Obama para obter autorização do Congresso americano para o ataque.
O presidente dos EUA anunciou que discursará sobre o tema na terça-feira.
Durante a viagem, ele se recusou a dizer se seguirá com a decisão de atacar a Síria mesmo no caso de que os congressistas americanos votem contra a intervenção. "Não estou me coçando para fazer uma intervenção militar. Sei que fui criticado nos últimos anos por não atuar. Tenho uma reputação razoavelmente merecida e um pensamento sóbrio sobre o envolvimento militar", disse ele.
Mais cedo, o presidente Putin disse que a intervenção militar seria contraproducente e perturbaria a economia mundial. Ele citou que a maioria dos países é contrária a uma ação sem aval do Conselho de Segurança da ONU, ao qual Moscou integra.
"A chanceler alemã é cautelosa e o país não vai participar de nenhuma ação militar", disse Putin. "Quem condena e se opõe? Rússia, China, Indonésia, Argentina, Brasil, África do Sul e Itália, além do secretário-geral da ONU. Não podemos esquecer do papa, que considerou a intervenção inadmissível."
ISOLAMENTO
Para tentar conter a percepção de isolamento, a Casa Branca articulou comunicado conjunto de 11 países para condenar o suposto ataque químico na Síria.
Além dos EUA e países pró-intervenção militar americana, assinaram Austrália, Itália, França, Itália, Japão, Coreia do Sul e Espanha --o último não faz parte do G20.
Segundo relatório da inteligência americana, a ação na periferia de Damasco no dia 21 deixou 1.429 mortos, sendo 426 crianças, o que poderia ser o pior incidente com armas químicas em 25 anos.