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Síria, Bolívia e salários desafiam chanceler

Novo titular da pasta, Luiz Alberto Figueiredo terá como meta reaproximar Itamaraty de Dilma, dizem analistas

Para ex-chanceler Lafer, trunfo do ministro é contar com a confiança da presidente desde encontro ambiental

ISABEL FLECK DE SÃO PAULO

A lista de problemas para o novo chanceler, Luiz Alberto Figueiredo, que assumiu na semana passada, não se resume à turbulência com a Bolívia e ao ataque à Síria.

Há ainda insatisfação interna com a revisão dos salários de diplomatas no exterior --tidos como muito altos.

Talvez mais desafiador, na visão de analistas, ele assume a tarefa de ser o chanceler de uma presidente com evidente menor interesse pela área que os antecessores.

O cenário exige que o titular da pasta preencha o lugar que a mandatária não gosta de ocupar --sem, contudo, ofuscá-la no plano internacional. Esse equilíbrio foi algo que Antonio Patriota não conseguiu alcançar.

Figueiredo, no entanto, começa com uma vantagem importante em relação ao antecessor: ele tem a confiança de Dilma Rousseff, conquistada durante as conferências COP-15 (em Copenhague, em 2009) e, em especial, a Rio+20, em junho de 2012, da qual foi negociador-chefe do texto final.

"Além de ser um diplomata experiente, Figueiredo tem o mérito de ter a confiança da presidente. E ninguém pode ser um bom ministro se não tem essa confiança", observa Celso Lafer, que foi chanceler de Fernando Collor e FHC. "Quem conduz a política externa é o presidente, o ministro a operacionaliza."

Também ex-chanceler, Luiz Felipe Lampreia (1995-2001) acredita que Figueiredo deve construir uma relação "ainda mais ampla" com Dilma. "A diferença é que ele é amigo dela e que todo mundo sabe disso. Essa relação muda tudo", diz.

Só essa proximidade com a presidente já anima grande parte dos diplomatas, para quem Figueiredo tem a importante missão de reconquistar o "espaço perdido" pela política externa.

Uma diplomata lotada no exterior diz que o período Figueiredo deve representar "não necessariamente inovações, mas talvez um protagonismo maior" do Itamaraty.

Para o historiador Amado Luiz Cervo, professor do Instituto Rio Branco e coautor do livro "História da política exterior do Brasil", há uma "falta de estratégia" na política externa sob Dilma motivada pela ausência de interesse da presidente pelo tema.

"O modelo de inserção internacional do Brasil está num período de estagnação completa. Dilma deu uma continuidade indolente, sem criatividade à política externa de Lula. Ela não se interessa pelo tema, e o Patriota estava amortecido no Itamaraty", afirma Cervo.

Para um ex-embaixador, as "posições firmes" de Figueiredo podem ajudá-lo a demover Dilma de decisões que desagradam o Itamaraty.

No Planalto, a impressão é de que o novo chanceler pode ""e deve-- ser mais protagonista que Patriota. Para um assessor, a presidente abriria espaço para uma atuação mais ousada. Dilma autorizou o novo ministro a mudar o que fosse necessário na estrutura do Itamaraty.

Mas a um ano das eleições presidenciais e com problemas pontuais a resolver, diplomatas apostam que Figueiredo não deve mexer em postos-chave e nem trazer "inovações". Na última semana, ele apontou como chefe de gabinete um dos assessores mais próximos de Patriota, o embaixador Tovar Nunes, o que demonstra a intenção de dar uma certa continuidade à gestão anterior.

Ainda é uma incógnita qual espaço terá o assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia --cuja atuação sob Dilma tem sido bem mais discreta que no governo Lula.


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