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Índia condena acusados de estupro coletivo
Atacada em ônibus, jovem morreu devido aos ferimentos; pena, que pode ser condenação à morte, deve sair hoje
Caso gerou comoção e onda de protestos no país, que endureceu lei e criou corte especial para casos de estupro
A Justiça da Índia condenou ontem quatro dos cinco acusados de estuprar uma jovem de 23 anos dentro de um ônibus da capital, Nova Déli, em dezembro. Gravemente ferida, a jovem morreu após duas semanas de internação.
O caso causou forte comoção na Índia e pressão popular por maior rigor nas leis que punem a violência contra a mulher. A expectativa é que a pena dos suspeitos seja divulgada hoje --eles podem ser condenados à morte.
O veredicto foi divulgado depois de o quinto acusado, que tinha 17 anos na época do crime, ser considerado culpado e condenado a três anos de medidas socioeducativas.
Segundo o juiz Yogesh Khanna, do tribunal especial criado para avaliar o estupro coletivo, os quatro foram condenados por estupro, homicídio doloso e obstrução de Justiça, por ocultarem provas.
O advogado do réu Mukesh Singh, que dirigia o ônibus no momento do crime, vai recorrer da decisão alegando que seu cliente não sabia o que ocorria dentro do veículo. Os outros acusados são Vinay Sharma, Akshay Thakur e Pawan Gupta. Um sexto suspeito se suicidou na prisão.
Assim como nas outras audiências do caso, os réus foram levados à sala com forte esquema de segurança. Os pais da vítima, que pediram a pena de morte para os acusados em várias ocasiões, escutaram o veredicto a poucos metros do magistrado e com "lágrimas nos olhos", segundo testemunhas presentes.
ONDA DE PROTESTOS
A vítima, uma estudante de fisioterapia, voltava do cinema com um amigo em 16 de dezembro de 2012, quando foi estuprada e torturada após entrar no ônibus. Ela morreu 13 dias depois, em um hospital de Cingapura.
O ataque gerou uma onda de manifestações no país asiático e levou a um grande debate sobre a discriminação e a violência contra a mulher. Diante dos protestos, o governo foi forçado a modificar a lei, endurecendo as penas, e criar uma corte especial para julgar casos de estupro.
Os manifestantes acusaram a polícia de omissão nos casos de violência sexual e os tribunais de não condenarem os estupradores. Desde então, uma série de casos começou a ser revelada pela imprensa indiana e repercutiu na mídia mundial. Segundo dados oficiais, as denúncias afetaram o turismo na Índia.