Mesmo com queda na popularidade, Putin deve vencer as eleições de hoje

A poucos dias das eleições parlamentares de hoje, outdoors espalhados por Moscou com a foto do premiê Vladimir Putin anunciavam sua presença num grande show antidrogas. Em tese, era um ótimo palanque: uma causa nobre apoiada por artistas e dirigida a estudantes. Mas ele não apareceu.

Havia pelo menos dois bons motivos para Putin não ir: o enorme ginásio de esportes Olimpiisky estava com cerca de um terço de sua capacidade, apesar de escolas públicas de Moscou terem levado professores e alunos.

A outra razão havia ocorrido dois dias antes, no mesmo local. Diante de 40 mil pessoas que foram assistir à final de um campeonato de luta marcial, Putin ouviu vaias ao subir no ringue para falar. O episódio foi visto mais de 3 milhões de vezes na internet.

"A perda de eleitores do Rússia Unida para outros partidos é um processo normal, como em qualquer outro país em crise", explica Nikolai Petrov, acadêmico do Centro Carnegie de Moscou.

Atualmente, o partido governante tem 70% dos assentos da Duma (o Parlamento russo). Mas a previsão para as eleições de hoje é que o Rússia Unida obtenha apenas 53,7%, segundo pesquisa de opinião realizada pelo Levada Center entre 18 e 21 de novembro com 1.591 respondentes em 13 pontos do país.

Um dos grandes vilões da tardia campanha do Rússia Unida foi a internet. Uma série de escândalos envolvendo compra de votos foram divulgados na rede.

Apesar da queda na popularidade, Putin é o favorito para vencer a eleição presidencial, em março do ano que vem. Ele já ocupou o cargo entre 2000 e 2008.

No show antidrogas, os jovens ouvidos pela Folha demonstravam pouco entusiasmo pelo processo eleitoral.

"Talvez nem vá votar, todo o mundo sabe que o voto não vale nada, lá em cima está tudo resolvido", diz Oleg, 18, estudante.