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Foco

Livro conta dificuldades de fotógrafos para trabalhar no Chile de Pinochet

LÍGIA MESQUITA DE BUENOS AIRES

Uma geração de fotógrafos se formou nas ruas do Chile após o golpe de Estado de 11 de setembro de 1973. Esses profissionais, muitos deles autodidatas, saíam às ruas sob uma das piores ditaduras da América Latina para fazer fotografias de denúncia.

Com os 40 anos do golpe, completados ontem, muitos registros desse período estão sendo reunidos em livros. É o caso do recém-lançado "Chile 1973-1990 -- A Ditadura de Pinochet" (Lom Ediciones), de Alejando Hoppe, Claudio Pérez, Héctor López e Marcelo Montecino.

Uma das imagens presentes na obra é a que ilustra esta reportagem, de autoria de Claudio Pérez, 56.

"Fiz essa foto em 86, logo após uma manifestação. Um funcionário anão do Judiciário estava atravessando a rua na frente do contingente para ir ao trabalho. Era uma cena de Davi e Golias, com os carabineiros representando a ditadura, e o anão, o povo", conta Pérez à Folha.

Ele afirma que sua geração aprendeu a fotografar nas manifestações. "Tivemos que aguentar a dor, a pena, os sentimentos mais profundos durante o ato de fotografar", diz.

Pérez, que tinha 15 anos quando Pinochet tomou o poder, se autoexilou no Brasil em 1979. Viveu com amigos no Rio Grande do Sul, onde escrevia poemas e desenhava.

Em 1983, decidiu regressar a Santiago. "Vendo nos jornais brasileiros fotos dos protestos contra o regime, senti a necessidade de voltar ao meu país para documentar isso", diz.

Criou a credencial falsa de uma agência brasileira de fotografia que não existia e conseguiu autorização para trabalhar como correspondente.

"Na primeira vez que saí para fotografar, a polícia secreta me bateu e roubou meus negativos", lembra.

Ele diz que trabalhou com medo durante os sete anos em que cobriu manifestações. Mas, quando um colega de 19 anos foi preso e queimado vivo ao registrar um protesto na periferia de Santiago, passou a ter pânico.

"Mas algo me dizia que eu tinha que continuar para que coisas como essas não acontecessem mais."


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