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Novo órgão latino já nasce em meio a divisões entre líderes

Celac, que reúne países latinoamericanos e do Caribe, foi criada anteontem durante cúpula na Venezuela

Debate sobre cláusula a respeito de democracia gera divergências; entidade poderá ser uma alternativa à OEA

FLÁVIA MARREIRO
DE CARACAS

A Celac (Comunidade de Estados Latinoamericanos e do Caribe) nasceu anteontem em Caracas ainda sem acordo sobre o mecanismo de tomada de decisão -se por consenso ou maioria- e adotando uma cláusula democrática frouxa o suficiente para não melindrar Cuba.

Os mandatários e representantes de 33 países do continente louvaram a fundação do organismo, o mais abrangente do continente depois da OEA (Organização dos Estados Americanos).

A diferença é que EUA e Canadá foram excluídos.

O presidentes que discursaram, entre eles a brasileira Dilma Rousseff, que abriu a plenária, se dividiram entre os que querem que a Celac substitua a OEA e os que defenderam que as duas instituições convivam.

No primeiro grupo, estiveram o anfitrião Hugo Chávez e Rafael Correa (Equador), e no segundo a Colômbia de Juan Manuel Santos.

Correa fez um discurso inflamado para defender um novo sistema que monitore questões de direitos humanos no continente e usou seu tempo para atacar a imprensa do seu país.

Dilma não citou o tema no discurso, e o Brasil insiste publicamente que não há por que haver rivalidade entre as instituições.

Mas nem os diplomatas nem o governo brasileiro escondem o desconforto com a OEA, inclusive em temas de direitos humanos.

"Em relação aos mecanismos de direitos humanos, há hoje na região por parte de muitos países preocupações de que no âmbito dos mecanismos da OEA haja situações que não correspondam ao mandato original", disse o subsecretário-geral do Itamaraty para a América do Sul, Antonio Simões.

Simões afirma que a clásula democrática aprovada foi feita aos moldes da comunidade iberoamericana -que inclui Cuba.

O tema incomodava Chávez desde abril, quando ainda estava sendo discutido pelos chanceleres.

"Cláusula democrática? Sim, a aprovamos, e a apoiamos, respeitando sensibilidades", pediu o presidente venezuelano.

PANELAÇO

A oposição ao presidente Chávez realizou na noite desta sexta um panelaço para protestar contra o governo no momento em que se reuniam mandatários e representantes da Celac.

Para responder à manifestação, convocada por personalidades da oposição e pela pré-candidata à Presidência venezuelana Maria Corina Machado, aliados do chavismo promoveram um show de fogos artifícios simultâneo que acabou por perturbar a reunião dos chefes de Estado.

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, e o ditador Raúl Castro (Cuba) reclamaram do ruído que atrapalhava a reunião.

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