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Confronto é única saída, diz opositor sírio

Um dos chefes da Coalizão Nacional, principal força ligada aos rebeldes, não aposta em solução política a curto prazo

'Por diplomacia, o regime de Assad não vai sair. Vamos dividir o poder com um ditador?', diz à Folha Walid Saffour

LEANDRO COLON DE LONDRES

A oposição ao regime de Bashar al-Assad na Síria não aposta em solução política a curto prazo e defende que o conflito armado ainda é a principal saída para a crise instalada desde 2011 no país.

É o que afirma, em entrevista à Folha, o sírio Walid Saffour, 62, presidente do Comitê de Direitos Humanos na Síria e embaixador no Reino Unido da Coalizão Nacional Síria, a principal força de oposição ligada aos rebeldes.

"O regime de Assad está nos matando, não temos outra maneira de nos defender. Não temos outra opção, é o único caminho (o conflito)", diz Saffour.

Exilado em Londres desde 1981, ele é o representante oficial da oposição no diálogo com o governo britânico, que reconhece oficialmente a coalizão como aliada.

Ligado no passado à ala radical da Irmandade Muçulmana, Saffour afirma que um cessar-fogo dependeria de um gesto de Assad de democratizar o país, algo que considera impossível. "Ele (Assad) joga com a comunidade internacional e não vai desistir do poder", diz.

Saffour recebeu a reportagem no seu escritório em Londres, onde despacha e conversa diariamente com as lideranças da coalizão. "Por diplomacia e política, o regime de Assad não vai sair. Qual é a solução política? Dividir o poder com um ditador?", afirma. "A coalizão está disposta a negociar democracia, liberdade para o povo, direitos humanos. Se o regime estiver pronto para deixar o poder, nós podemos negociar."

Ele critica o acordo conduzido por Estados Unidos e Rússia, com o apoio dos britânicos, para Assad entregar as armas químicas: "Falam em armas químicas, mas muitos foram mortos por armas convencionais. Este acordo é uma estratégia para os EUA retirarem as armas químicas e para Assad evitar o ataque aéreo. Estão falando de armas químicas, não no povo sírio."

A Coalizão Nacional Síria foi criada em 2012, em meio ao conflito armado, chamado de "revolução síria" por Saffour, iniciado um ano antes entre forças rebeldes e do governo local.

Assad está na presidência desde 2000, quando substituiu o pai, Hafez al-Assad, que comandara o país desde 1971. A coalizão reúne as mais influentes forças de oposição, incluindo membros do Exército Livre da Síria, o principal braço armado na luta contra o governo.

Por ser uma reunião de várias forças políticas, com destaque na diversidade religiosa, não representa um projeto único de poder. Em comum, todos querem derrubar o ditador.

Segundo relatórios da ONU (Organização das Nações Unidas), dois milhões de pessoas deixaram o país e mais de 100 mil morreram desde 2011.

Crimes que violam a lei internacional, como torturas e massacres, têm sido cometidos pelos dois lados da batalha, governo e rebeldes.

Walid Saffour tenta minimizar a culpa da oposição nessas mortes. Adota o discurso de que os rebeldes apenas reagem aos ataques.

"As pessoas estão defendendo suas casas, suas cidades", diz. Ele afirma, com certa dose de exagero, que a oposição já conquistou 60% do território do país.

"Temos que continuar pressionando, Assad está vulnerável. Se não fosse o apoio do Irã e da Rússia, ele já teria caído", diz.

Especialistas, porém, apontam que Assad ainda detém a maior parte da Síria em seu poder.

Indagado sobre a fonte dos recursos para comprar armas, Saffour afirma que a oposição não recebe ajuda de outros países.

"Não recebemos ajuda de Estados, mas de indivíduos. As armas são compradas no mercado negro, isso ocorre no mundo inteiro, e com dinheiro do próprio povo sírio. Nós, da coalizão, somos uma força política e também não financiamos armas ", diz.


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