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Opinião Greenpeace

Ativismo é necessário quando governos falham

Diretor do Greenpeace diz que brasileira detida na Rússia agiu movida por sua consciência e pede ação de Dilma

KUMI NAIDOO ESPECIAL PARA A FOLHA

A bióloga brasileira Ana Paula Maciel é uma ativista de apenas 31 anos. Desde 2006, ela embarca em navios do Greenpeace rumo aos cantos mais remotos do planeta.

Ana Paula abdicou da convivência frequente da família e de uma vida de confortos em Porto Alegre para lutar pacificamente contra atividades que representam uma ameaça ao meio ambiente.

A obstinação de Ana Paula deveria ser motivo de orgulho e inspiração. Mas sua coragem lhe rendeu uma acusação de pirataria que pode deixá-la até 15 anos presa juntamente com dezenas de outros ativistas que participaram de um protesto pacífico pela proteção do Ártico.

O frágil ecossistema ártico está em risco por conta da ação humana no planeta. O aumento das temperaturas médias globais está reduzindo as calotas polares a um ritmo nunca antes visto.

No curto período de tempo que compreende a vida de Ana Paula, já perdemos três quartos do gelo ártico no verão. Daí a urgência em se tomar uma atitude.

Para nossos amigos brasileiros, o Ártico pode parecer um problema distante. Mas o que acontece no extremo norte do planeta pode causar problemas em todo o mundo.

O gelo do Ártico reflete parte da radiação solar e com isso ajuda a regular o clima do planeta. Se esse gelo desaparecer completamente, as mudanças climáticas tendem a se agravar, com efeitos como secas ou inundações no Brasil e no mundo.

Apesar de todas as evidências científicas, os governos de todo o mundo ainda não tomaram as medidas necessárias para resguardar o futuro. E foi por isso que Ana Paula tomou uma atitude e agora está presa tão longe de casa.

O Greenpeace é uma organização com mais de 40 anos de história, conhecida mundialmente por sua independência, por sua luta pelo planeta e pela promoção da paz.

Confrontamos alvos de modo não violento para denunciar atividades que colocam o meio ambiente em risco. Foi seguindo esses princípios que os ativistas do Greenpeace agiram no Ártico. As únicas "armas" de que dispunham eram cordas e banner com mensagem de esperança.

O protesto pacífico do Greenpeace Internacional se deu em 18 de setembro. No dia seguinte, a guarda costeira russa ocupou ilegalmente o navio Arctic Sunrise, que estava em águas internacionais, e prendeu sua tripulação.

Os 28 ativistas e dois jornalistas freelancer que estavam a bordo do navio foram levados para Murmansk, costa noroeste russa, e acusados injustamente de pirataria --algo que diversos juristas internacionais já disseram não se aplicar a casos de protestos pacíficos.

Parece óbvio, mas precisamos repetir que esses jovens não são piratas. Eles não agiram por ganhos pessoais ou materiais, mas movidos por suas consciências.

Quando governos falham na proteção das pessoas, o ativismo cidadão não apenas é justificável, como necessário. O ativismo pacífico continua sendo uma resposta democrática vital contra a inércia política.

A coragem desses jovens, portanto, deveria ser aplaudida, apoiada e, acima de tudo, seguida de ações concretas para salvar o clima e proteger o futuro do planeta.

Nossos amigos presos na Rússia carregam consigo o legado de líderes como Gandhi e Mandela, que foram presos por uma causa que mais tarde se mostrou legítima.

Também a presidente Dilma, em sua juventude, foi privada de liberdade por seus ideais e sabe como ninguém o que Ana Paula e sua família sentem nesse momento.

É por isso que fazemos um apelo à presidente Dilma para que faça tudo o que estiver a seu alcance para devolver Ana Paula e os ativistas de volta para casa.


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