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Atentado em dia sagrado xiita mata ao menos 63 no Afeganistão Grupo paquistanês Lashkar-e-Jhangvi assume autoria do ataque
DE TEERÃ Uma série de atentados contra fiéis que comemoravam o dia mais importante do calendário xiita deixou ontem ao menos 63 mortos e centenas de feridos em três cidades do Afeganistão. O grupo sunita paquistanês Lashkar-e-Jhangvi, que defende o extermínio dos xiitas e é tido como instigador dos conflitos sectários no Paquistão, assumiu os ataques, ocorridos em pleno feriado sagrado de Ashura. Se a autoria for confirmada, será a primeira vez que o Lashkar-e-Jhangvi, ligado à insurgência Taleban, à rede terrorista Al Qaeda e ao serviço secreto paquistanês, comete ações dessa magnitude no Afeganistão. O ataque mais sangrento visou uma mesquita xiita da capital, Cabul. Um homem-bomba acionou seus explosivos no lado externo da construção, matando 59 pessoas e deixando um cenário de horror e destruição. "O Paquistão é nosso inimigo histórico e não quer que vivamos em paz", disse ao "New York Times" o sobrevivente Noor Mohammad, coberto de sangue. Foi a ação mais sangrenta na capital desde 2008. Um camicase também se explodiu em uma mesquita na cidade de Mazar-i-Sharif, no noroeste afegão, deixando quatro mortos. A explosão gerou pancadaria entre xiitas e sunitas, que rezavam no mesmo local. Uma terceira explosão, causada por uma bicicleta-bomba estacionada na cidade de Candahar, ao sul, deixou apenas feridos. Em viagem oficial à Alemanha, o presidente afegão, Hamid Karzai, cancelou visita que faria em seguida ao Reino Unido e voltou às pressas para Cabul. "É a primeira vez que um ato terrorista tão horrível acontece em um dia religioso tão importante no Afeganistão", disse Karzai em Bonn, onde participou de um encontro internacional sobre o futuro do Afeganistão após a retirada das tropas americanas, em 2014. O governo do Irã, que ampara política e financeiramente grupos xiitas em vários países da região, condenou os ataques. VIOLÊNCIA SECTÁRIA Os atentados reacendem o espectro da violência sectária no Afeganistão. Tensões entre sunitas e xiitas haviam diminuído desde que os EUA e seus aliados varreram o Taleban do poder, no final de 2001, em represália ao apoio dado à Al Qaeda na preparação dos ataques de 11 de Setembro. Nos cinco anos em que governou o Afeganistão, o Taleban proibiu qualquer celebração xiita, ramo do islã praticado por cerca de 25% da população afegã. O Taleban já recuperou o controle sobre boa parte do território afegão e desfruta do apoio de muitos afegãos revoltados com as mortes de civis provocadas por tropas americanas e ocidentais. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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