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Europa facilita financiamento bancário

No dia em que começa cúpula para salvar o euro, BCE flexibiliza exigências para irrigar instituições financeiras

BCE também reduz os juros; teste reprova 31 bancos e exige que eles aumentem seu capital para resistir a choques

VAGUINALDO MARINHEIRO
ENVIADO ESPECIAL A BRUXELAS

No dia em que começou a reunião dos líderes europeus para tentar salvar o euro e evitar recessão no continente, o BCE (Banco Central Europeu) anunciou medidas emergenciais para evitar a paralisia do setor bancário.

Mas o BCE frustrou os mercados ao rejeitar mais uma vez uma compra intensa de títulos da dívida de países como Espanha e Itália -ação vista por muitos como a única possibilidade de reduzir rendimentos exigidos pelos investidores para emprestar aos países em crise.

O BCE baixou os juros básicos pelo segundo mês consecutivo, de 1,25% para 1% ao ano, e facilitou os empréstimos para bancos, que estão em dificuldade e têm reduzido a oferta de dinheiro a empresas e consumidores, o que paralisa a economia.

Foi reduzido o percentual de capital que os bancos têm de depositar no BCE, o que deve liberar € 100 bilhões para empréstimos.

Também foram flexibilizadas as condições para que bancos privados obtenham crédito da autoridade monetária: ativos com notas mais baixas (considerados menos seguros, portanto) serão aceitos como garantia. Isso deve possibilitar financiamento a instituições de menor porte. Por fim, o prazo de financiamentos dos bancos passou de 13 para 36 meses.

Nada foi dito sobre a compra de títulos da dívida, no entanto, o que muitos veem como única possibilidade de reduzir rendimentos exigidos pelos investidores para emprestar aos países em crise.

O presidente do BCE, Mario Draghi, disse que as novas medidas foram necessárias devido à piora do cenário econômico e ao risco de nova recessão.

O banco prevê que a economia do continente possa encolher no próximo ano (-0,4%), ou crescer muito pouco (1% no máximo). A previsão anterior era menos pessimista: crescimento entre 0,4% e 2,2%.

O BCE afirma também que cresceu o risco do chamado "credit crunch", quando os bancos param de emprestar uns aos outros e para a chamada economia real (empresas e consumidores).

As medidas não bastaram para animar os mercados. Após a entrevista coletiva de Draghi, Bolsas caíram, e subiram os juros exigidos de títulos de Itália e Espanha.

A Bolsa de Milão recuou 4,29%, e a de Paris, 2,53%. Em Nova York, a queda do índice Dow Jones foi de 1,63%. A Bovespa caiu 2,06%.

Draghi afirmou que a questão da crise da dívida deve ser resolvida pelos políticos, não pela instituição que preside.

ESTRESSE

A situação precária de muitos bancos foi evidenciada por um relatório ontem da Autoridade Bancária Europeia, que regula o setor.

Foram analisadas 71 instituições e constatou-se que 31 delas precisam de € 114,7 bilhões para se recapitalizar e cumprir as metas de segurança da instituição. O valor cresceu frente ao que foi identificado em setembro (€ 106 bilhões). Os bancos terão até janeiro para apresentar um plano de recapitalização.

O agravamento foi pior para os alemães, cujo buraco nas contas subiu de € 5,2 bilhões para € 13,1 bilhões.

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