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Cristina toma posse hoje e tem inflação como desafio

Reeleita, será prestigiada por Dilma e outros presidentes latino-americanos

Crescimento menor e temor de alta de preços vão ser os principais temas da presidente, avaliam especialistas

SYLVIA COLOMBO
DE BUENOS AIRES

Reeleita com 54% dos votos em 23 de outubro, a presidente Cristina Kirchner toma posse hoje na Argentina.

A cerimônia, que começará às 13h30 (horário de Brasília), terá a presença de vários chefes de Estado latino-americanos, como Ollanta Humala (Peru), Evo Morales (Bolívia), Fernando Lugo (Paraguai), José Mujica (Uruguai) e Dilma Rousseff (Brasil).

O juramento de posse, conforme a lei, deve ser tomado pelo vice-presidente Julio Cobos, com quem Cristina e os kirchneristas têm relações estremecidas desde 2008.

Num primeiro momento, partidários de Cristina, liderados pelo vice-presidente eleito, Amado Boudou, quiseram impedir Cobos de estar na cerimônia, mas a presidente decidiu que a Constituição seria respeitada.

Os principais desafios de Cristina no segundo mandato estão ligados à economia.

Com perspectiva de crescimento menor e o temor da inflação, a presidente não terá o respaldo da sensação de bem-estar econômico, um dos fatores responsáveis por sua alta popularidade.

"Cristina assume sem contar com o elemento do otimismo da população com a economia. O momento é um pouco mais nebuloso", diz o economista Nicolas Dujovne.

A Argentina deve fechar o ano com um crescimento de 7,5%, índice que dificilmente será alcançado em 2012, com a crise europeia e a provável desaceleração do Brasil. "A economia já vive momento de freada", afirma Dujovne.

Já o economista Marcelo Elizondo considera a inflação o principal problema num primeiro momento. Atualmente, o índice é de 25%, segundo consultorias privadas, e de 9%, segundo o governo.

Cristina começou a retirar gradualmente vários subsídios a empresas e particulares, principalmente com relação a energia e água. Com isso, a inflação deve crescer.

Na última terça, Cristina divulgou seu gabinete de ministros. A Economia ficará com Hernán Lorenzino, antigo secretário de Finanças, que tem a simpatia de mercados e bancos. Analistas ouvidos pela Folha concordam que ele foi escolhido para mudar a imagem de desconfiança de investidores externos.

Na primeira aparição pública, Lorenzino chamou de "calamitoso" o default declarado pela Argentina em 2001, mas elogiou o modo como as gestões Kirchner, de Néstor (2003-2007) e Cristina, reestruturaram a dívida e reergueram a economia do país.

Cristina também confirmou no cargo o polêmico secretário de Comércio Exterior, Guillermo Moreno. Ele é responsável por controlar as exportações e o Indec (IBGE argentino), que está sob intervenção federal e fornece dados maquiados da inflação.

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