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Ex-repúblicas soviéticas da Ásia são disputadas por Rússia e China

FABIANO MAISONNAVE
DE PEQUIM

De uma região que relutou em sair do mando de Moscou, os cinco países soviéticos da Ásia Central passaram, em 20 anos, a ter a economia cada vez mais ligada à China e abrigam até militares dos EUA.

O que menos mudou foi a forma de governar: nenhum deles adotou a democracia.

A Ásia Central vem ganhando importância no cenário mundial e se move por dois grandes eixos: as reservas de gás e petróleo e a invasão do Afeganistão.

Na economia, a novidade é o rápido crescimento da China em busca de energia.

"Os países da Ásia Central estão preocupados com seu papel futuro na economia global, que prevê a dominação da China e da região Ásia-Pacífico. Em contraste, a Rússia é um poder relativamente em declínio", afirmou, por e-mail, Shamil Yenikeyeff, pesquisador do Instituto Oxford para Estudos de Energia (Reino Unido).

Outra diferença, diz ele, é a motivação de cada país. Para a China, trata-se de uma fonte essencial para abastecer a sua economia. Já a Rússia vê a região como uma fonte de reservas para vender a terceiros mercados.

Os investimentos são vultosos. Em dezembro de 2009, foi inaugurado o primeiro gasoduto ligando a Ásia Central à China. A obra de 1.800 km une o Turcomenistão à China e representou o fim do monopólio russo nas rotas de exportação de gás da região.

O Turcomenistão, principal reserva da Ásia Central, já é a origem de 25% do gás importado pela China. No Cazaquistão, as empresas chinesas produzem 24% do gás e do petróleo.

Mas a presença russa é bastante significativa no setor, beneficiada pela inércia do período soviético -além dos laços culturais, Moscou é importante fornecedor de energia elétrica, por exemplo.

No Cazaquistão, 70% das exportações de petróleo são feitas por território russo. O país ainda é aliado da Rússia e de Belarus para a criação de uma ambiciosa União Eurasiática, que deve se transformar num espaço econômico único em 2012.

A ascensão da China no antigo espaço soviético, porém, não gerou maiores atritos até agora. Analistas mencionam dois motivos: a Rússia está mais preocupada em controlar o fluxo de gás em direção à Europa e empresas dos dois países são sócias em projetos da região.

Porém, a Rússia se irritou com o Quirguistão, que autorizou os EUA a ter uma base aérea no país para apoiar as ações no Afeganistão. Apesar da pressão de Moscou, o país renovou o acordo até 2013.

Leia série sobre os 20 anos do fim da URSS

folha.com/113404

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