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Ditador norte-coreano executa o próprio tio

Ex-número 2 do regime comunista, Jang Song-thaek foi acusado de tentar derrubar o governo e levar 'vida depravada'

Ditador quer concentrar poder, dizem analistas; Coreia do Sul convoca reunião, e EUA veem 'brutalidade extrema'

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A mídia estatal norte-coreana anunciou ontem a execução de Jang Song-thaek, 67, tio do ditador Kim Jong-un e tido como a segunda autoridade mais poderosa do regime comunista do país asiático antes de cair em desgraça.

Segundo a agência oficial KCNA, Jang foi julgado por um tribunal militar especial e condenado pelo crime de traição. "O acusado agrupou forças indesejáveis numa facção, da qual era o chefe, e cometeu o hediondo crime de tentar derrubar o governo", declarou a nota da agência.

"Há muito tempo, Jang nutria uma sórdida ambição política. Ele não ousava erguer a cabeça quando Kim Il-sung e Kim Jong-il estavam vivos", prossegue o comunicado da KCNA, referindo-se aos ditadores anteriores da Coreia do Norte (respectivamente, o avô e o pai de Kim Jong-un).

Em sua edição de hoje (sexta), o jornal oficial "Rodong Sinmun" exibiu foto de Jang algemado, ladeado por guardas, durante o julgamento.

A execução aconteceu menos de uma semana após Jang Song-thaek ser destituído dos seus cargos no PC (Partido Comunista) norte-coreano.

O tio do ditador também foi acusado de corrupção e de levar uma vida "dissoluta e depravada" --ele teria tido "relações impróprias" com mulheres, usado drogas e apostado em cassinos no exterior.

Jang ocupava a vice-presidência da Comissão de Defesa Nacional, o órgão de decisão mais poderoso do país, e era marido de Kim Kyong-hui --irmã de Kim Jong-il, morto em 2011 e sucedido pelo filho.

Por décadas, o tio de Kim Jong-un foi uma das figuras fundamentais da ditadura comunista, chefiada por três gerações de Kim desde o fim da Segunda Guerra. Ganhou destaque pelo respaldo que ofereceu ao sobrinho quando este dava seus primeiros passos como líder máximo.

Na semana passada, a inteligência sul-coreana deu as primeiras indicações de que Jang fora destituído --ele não era visto publicamente havia semanas, e dois assessores seus teriam sido executados.

Imagens veiculadas na TV estatal mostraram Jang sendo despojado de todos os títulos numa reunião do partido liderada por Kim Jong-un.

Na última segunda, o governo divulgou novas imagens de documentário veiculado em outubro, em que o tio do ditador foi retirado de várias cenas --modus operandi semelhante ao da ditadura de Josef Stálin (1878-1953) na União Soviética, que apagava ex-aliados de fotos.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, Patrick Ventrell, declarou que, "se confirmada, [a notícia] é mais um exemplo da brutalidade extrema do regime norte-coreano".

PODER CONCENTRADO

A execução do tio é vista por analistas como a última e mais drástica medida do ditador, de idade estimada em torno de 30 anos, para reforçar seu poder dentro do país.

Jang também era visto por observadores externos como o principal defensor de reformas econômicas ao estilo chinês na Coreia do Norte.

Ontem, a vizinha Coreia do Sul convocou reunião ministerial para analisar a execução, em meio ao temor de instabilidade política e de ameaças de ataque de Pyongyang.


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