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De volta ao país, ativista promete 'não parar'

Após 2 meses presa na Rússia com outros membros do Greenpeace, Ana Paula Maciel chega a Porto Alegre, onde mora

Bióloga critica governo russo e petrolífera alvo do protesto que resultou na sua prisão; ela disse ter sofrido maus-tratos

FELIPE BÄCHTOLD DE PORTO ALEGRE

Depois de passar dois meses presa na Rússia, a bióloga brasileira Ana Paula Maciel, 31, voltou na manhã de ontem a Porto Alegre, onde mora, e disse que pretende continuar "incomodando as empresas de petróleo".

A ativista estava no grupo de 30 membros do Greenpeace de diversas nacionalidades detidos no navio Arctic Sunrise, em setembro, durante um protesto contra a exploração de petróleo no Ártico.

Ela e os colegas estavam em liberdade provisória na Rússia desde o fim de novembro. Na semana passada, o Parlamento, com o apoio do presidente Vladimir Putin, aprovou anistia para 20 mil prisioneiros, que incluiu os ativistas do Greenpeace.

Ao chegar a Porto Alegre, Ana Paula fez críticas ao governo da Rússia, a quem acusa de não ser uma "democracia", e afirmou que vai continuar "navegando" e participando de ações do tipo.

"Enquanto a gente não tiver um santuário no Ártico, a gente não vai parar", disse.

Ela foi recepcionada no aeroporto de Porto Alegre pelos pais, amigos e integrantes da ONG. Chegou ao saguão carregando um urso polar de pelúcia e uma faixa com os dizeres "salve o Ártico".

Em entrevista coletiva, Ana Paula relatou maus-tratos na prisão e acusou os russos de monitorar os ativistas com escutas depois da concessão da liberdade provisória.

"Os caminhões em que nos transportavam eram divididos em caixinhas de metal, de 70 cm por 70 cm, com buraquinhos na porta e luz apagada. Eles nos levavam para a corte nessas caixas. Quando chegávamos, nos colocavam para esperar em uma solitária de chão batido. Às vezes, esperávamos 12 ou 18 horas lá", disse aos jornalistas.

TENSÃO

Só quando o caso ganhou mais repercussão e o governo decidiu transferir os presos à cidade de São Petersburgo, diz Ana Paula, os ativistas passaram a ter mais direitos do que detidos comuns.

Mesmo assim, diz a brasileira, os dois meses foram os "mais difíceis" da sua vida.

"Neste último mês, solta, em fiança, todo mundo pensou: Ah, ela está em um hotel, está tudo bem'. Mas a tensão era tão grande que o coordenador legal do Greenpeace nos recomendava não atravessar a rua fora da faixa de pedestres porque poderíamos ser presos de novo."

Ela contou que chorou muito ao fazer uma escala em Frankfurt, na Alemanha, primeiro local onde pisou após o período na Rússia.

Na entrevista, a bióloga ainda criticou a concessão de anistia pela Rússia por considerar que não cometeu crime. Ela lembrou também que o caso ainda não está solucionado --o navio utilizado pelo Greenpeace no protesto continua retido, e podem ocorrer novas investigações.

Para Ana Paula, o governo russo foi levado a prender os ativistas por pressão da petrolífera Gazprom, que, diz ela, é "um grande poder econômico e político" no país.

A bióloga disse que vai passar "um ou dois meses" descansando no Brasil. A família preparou um churrasco para recebê-la e pretende levá-la para passar o feriado de Ano-Novo no litoral gaúcho.

Segundo o pai dela, Jaires, 57, a próxima viagem da bióloga será para a Nova Zelândia. Os pais disseram aos jornalistas que incentivam a filha a continuar suas atividades, apesar dos riscos, porque ela "faz o que gosta".

Outros seis colegas de Ana Paula, cinco britânicos e um canadense, também deixaram a Rússia.


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