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Potências se curvaram, afirma iraniano

Para presidente Hasan Rowhani, acordo indica 'aceitação global' da tecnologia nuclear do país e fim de sanções

Tom provocador é tido como aceno às facções da política iraniana que acusam Rowhani de 'ceder demais'

SAMY ADGHIRNI DE TEERÃ

O presidente do Irã, Hasan Rowhani, disse ontem que as potências mundiais se curvaram diante dos iranianos ao assinar um acordo, válido a partir da próxima segunda-feira, permitindo a continuação das atividades nucleares da república islâmica.

O pacto, contudo, está sob a ameaça do Congresso americano, onde cresce um movimento que tenta torpedear esforços da Casa Branca para consolidar o entendimento atômico com Teerã.

"[O acordo] significa a aceitação global da tecnologia nuclear pacífica do Irã [...]; significa a quebra [das] sanções injustamente impostas", disse Rowhani.

A declaração foi feita diante de uma multidão durante visita à cidade petrolífera de Ahvaz, onde iniciou a primeira viagem pelo interior como presidente.

O tom provocador de Rowhani, destoando de sua habitual retórica conciliadora, soa como aceno a facções ultraconservadoras --deputados, militares, clérigos-- que o acusam de ceder demais nas negociações.

O acordo assinado em novembro com representantes de EUA, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha exige do Irã que pare o enriquecimento de urânio a 20%, nível que Teerã vinha usando para fins medicinais, mas que permite, em tese, saltar com facilidade para os 90% necessários à bomba.

Teerã também deverá desfazer-se do estoque de urânio a 20%, mas poderá purificar o material a 5%, nível adequado à produção de energia.

Cabe ainda ao Irã congelar a expansão de suas instalações nucleares e sujeitar-se a inspeções internacionais muito mais intrusivas.

Em troca das concessões iranianas, governos ocidentais se comprometem a permitir que Teerã recupere US$ 4,2 bilhões fundos bloqueados no exterior e a aliviar algumas sanções ao comércio e à aviação civil.

FRENTE ANTI-IRÃ

Outra promessa das potências, a de que não haverá sanções até julho --data fixada para avaliar o progresso--, está sob crescente ameaça do Capitólio, dominado por uma frente anti-Irã que reúne democratas e republicanos.

Segundo o "New York Times", já há 59 senadores dispostos a apoiar novas punições, que praticamente zerariam exportações de petróleo do Irã. Faltariam só sete assinaturas para que o projeto obtenha maioria de dois terços --capaz de invalidar a promessa do presidente Barack Obama de veto.

Partidários de novas punições dizem que é necessário manter a pressão contra o Irã para garantir que o país cumpra com suas obrigações. Alguns políticos americanos rejeitam qualquer conversa com o atual regime iraniano.

Mas a Casa Branca teme que o Irã concretize sua ameaça de se retirar do acordo caso novas sanções sejam impostas, ressuscitando temores de uma nova guerra no Oriente Médio, ideia que assombra Obama.

Israel, que conta com o apoio incondicional de quase todos os parlamentares americanos, diz considerar o programa nuclear iraniano ameaça existencial e cogita atacar a república islâmica.

Numa tentativa de apaziguar Israel, o vice-presidente americano, Joe Biden, prometeu ontem que o acordo manterá a "arquitetura das sanções" ao Irã.

Desde a eleição de Rowhani, em junho, os EUA sinalizam ter feito a aposta estratégica de apaziguar tensões com o Irã, com quem estão rompidos desde 1979.


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