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Por acordo, Teerã freia programa nuclear
País cumpre sua parte em compromisso com potências ocidentais e interrompe enriquecimento de urânio a mais de 5%
Medida abre caminho para suspensão parcial de sanções comerciais adotadas por EUA e pela União Europeia
Sob olhar dos inspetores da ONU, autoridades iranianas começaram na manhã de ontem a frear seu enriquecimento de urânio, como parte de um acordo preliminar com as potências para tentar pôr fim a uma década de impasse nuclear.
Horas depois, EUA e União Europeia responderam, conforme planejado, com medidas que representam o primeiro alívio às sanções comerciais e financeiras ao Irã em uma década.
Assinado em novembro, o acordo histórico entra em vigor com validade até julho, quando as partes debaterão sua possível extensão por mais seis meses.
O objetivo, à espera de um acordo definitivo, é conciliar ambições atômicas pretensamente pacíficas de Teerã com garantias exigidas pelos ocidentais de que o Irã não busca a bomba atômica. Seguindo o roteiro combinado, coube ao Irã implementar os passos iniciais do acordo.
Cientistas do governo suspenderam, na presença dos inspetores nucleares da ONU, enriquecimento a mais de 5% nas centrais de Natanz (centro) e Fordow (sul de Teerã).
O teto permite que o Irã continue enriquecendo urânio para gerar energia ao mesmo tempo em que impede o país de operar centrífugas a 20%, nível que permite, em tese, saltar com facilidade para os 90% necessários à obtenção da bomba.
Inspetores da AIEA, a agência nuclear da ONU, também comprovaram que o Irã começou a neutralizar o estoque de urânio a 20% desenvolvido nos últimos anos.
A Casa Branca elogiou a implementação das medidas.
A comprovação de que o Irã está cumprindo com suas obrigações abriu caminho para a implementação das contrapartidas acordadas com EUA, Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha.
Ministros da União Europeia aprovaram medidas que abrem caminho para a normalização do comércio. O Irã já pode novamente exportar petroquímicos à UE e retomar a importação de uma série de produtos europeus.
Iranianos também receberam sinal verdade para retomar transações comerciais em ouro e outros metais.
Os EUA também anunciaram o início da implementação do acordo. O governo americano iniciou trâmites para que Teerã recupere US$ 4,2 bilhões bloqueados em bancos no exterior. O valor representa uma parcela modesta dos mais de US$ 60 bilhões em fundos confiscados, que os iranianos esperam recuperar como parte de um possível acordo definitivo.
BARREIRAS EM PÉ
Apesar do alívio, muitas sanções contra o Irã, inclusive as que derrubaram pela metade exportações de petróleo da republica islâmica desde 2012, continuam em vigor.
"É importante que outras sanções e que a pressão sejam mantidas para que se obtenha uma resolução definitiva do dossiê nuclear iraniano", disse o chanceler britânico William Hague.
Planos para novas concessões mútuas serão debatidas nas próximas semanas, quando o Irã e as potências devem começar a debater um acordo definitivo, cuja adoção dificilmente ocorrerá neste ano.