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Pessimismo causa fuga de moeda única na Europa

Temendo ruptura no continente, investidor vende ativos cotados em euros

Fundos dos EUA aceleram saída e têm 42% menos recursos em bancos e títulos europeus que em 2010

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

A Europa sofreu ontem uma "fuga do euro" maciça com a constatação de que o acordo da sexta-feira para estabilizar a região não está prosperando e é insuficiente para conter a crise.

O acordo foi comparado a uma "folha de papel em branco" pelo premiê tcheco, Petr Necas, e pode ser levado a referendo na Irlanda. Dinamarca, Suécia e Hungria também podem vetá-lo.

Na semana passada, a decisão de limitar o endividamento na União Europeia foi dada como "histórica" por Alemanha e França.

Mas a falta de medidas de curto prazo e as dúvidas em torno do acordo já levaram o euro, moeda de 17 países, a retroceder 2,5% desde sexta. Ontem, a moeda desceu ao menor patamar desde janeiro, para US$ 1,2994.

Isso expõe a dificuldade de bancos e governos europeus para se financiar. Temendo uma ruptura na região, investidores fogem de ativos em euros. Fundos norte-americanos aceleram retiradas da região e têm hoje 42% menos recursos em bancos e títulos europeus do que em 2010.

A desconfiança em relação à Europa só reforça o atual ciclo negativo. Vários membros da zona do euro são obrigados a pagar juros cada vez maiores para rolar dívidas.

A Itália voltou a ser vítima dessa armadilha. Teve de pagar juro de 6,47% ao ano para rolar € 3 bilhões em bônus de cinco anos. Outra notícia negativa é que o banco central da Alemanha tem condicionado empréstimos ao FMI (Fundo Monetário Internacional) para futuro repasse aos governos endividados a movimento semelhante de outros países.

Ontem, as Bolsas europeias voltaram a fechar em baixa. A da França liderou a queda, recuando 3,33%. A de Frankfurt caiu 1,72% e acumula baixa de mais de 5% em dezembro. A Bovespa caiu 1,47%. O dólar subiu 1,24%, para R$ 1,874.

A chanceler alemã, Angela Merkel, defendeu o acordo: "Estou convencida de que, se tivermos paciência e perseverança, se seguirmos na direção de uma união fiscal, se pudermos completar a união monetária, a Europa vai superar esta crise".

PESQUISA

No Reino Unido, pesquisa mostrou que a decisão do primeiro-ministro David Cameron de não endossar o acordo de Bruxelas capitaneado por Alemanha e França lhe rendeu popularidade.

O Partido Conservador disparou sete pontos percentuais, subindo a 41%, segundo pesquisa Reuters/Ipso.

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