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Síria ainda considera Brasil país 'amigo'

Embaixador sírio mostra proximidade apesar de postura brasileira contra violações de direitos humanos pelo regime

Desde março, quando começaram os protestos contra o ditador Bashar Assad, 5 mil morreram, segundo dados da ONU

ISABEL FLECK
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

À frente da embaixada síria em Brasília há menos de dois meses, Mohammed Khaddour, 55, diz que seu governo considera o Brasil um amigo, apesar das recentes condenações do país às violações de direitos humanos na Síria.

Em entrevista à Folha, ele disse inclusive que, por ser brasileiro, Paulo Sérgio Pinheiro, presidente da comissão criada pela ONU para avaliar a situação no país teve a entrada no Síria autorizada, mas não aceitou. A comissão tentou, por mais de dois meses, entrar no país.

Folha - A ONU diz que 5 mil já morreram pela repressão. Como o governo justifica esse número?

Mohammed Khaddour - Não reconhecemos esse número. Temos nomes de 1.500 cidadãos e agentes de forças de segurança mortos por terroristas armados. A comissão não entrou na Síria e não analisou os números com as fontes oficiais.

Mas a comissão criada pela ONU não teve a entrada permitida no país pelo governo.

Houve uma preocupação do governo sírio de que tais comissões contribuíssem para aumentar a crise no país. Mas a Síria permitiu que o presidente da comissão de Direitos Humanos [Paulo Sérgio Pinheiro], por ser brasileiro, entrasse e debatesse com o lado sírio as informações que recebeu de fora do país. A comissão não aceitou que ele viesse sozinho porque essa não era a intenção deles.

Como o governo vê a posição do Brasil em relação à Síria?

O Brasil é um país amigo e tem seus interesses internacionais, o que consideramos. Mas como os países da América do Sul, está do lado do direito e da justiça na região.

Apesar de condenar a violação de direitos humanos no país?

Todos nós condenamos a violação dos direitos humanos, e a Síria é conhecida historicamente por atuar em fóruns internacionais para preservar os direitos humanos.

Um colaborador da Folha foi preso sem qualquer acusação formal. Como explica as prisões arbitrárias no país?

Não existem prisões arbitrárias na Síria. Existe uma lei que regulamenta as manifestações e os infratores devem responder diante do Estado.

No caso do brasileiro, ele entrou na Síria como estudante e trabalhava com imprensa sem informar qualquer autoridade de informação do país. Sua detenção foi legal.

O regime teme que Assad termine como outros líderes árabes, depostos pela população?

Não, porque a ampla maioria do povo está com o presidente e com o processo de reformas decretado por ele. O país já conseguiu implementar reformas, como o cancelamento do estado de emergência e uma nova lei de eleições.

Leia íntegra da entrevista no site

folha.com/no1022558

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