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Polêmico grupo turco tem braço no Brasil

Hizmet, acusado de tramar golpe contra o governo da Turquia, mantém centro cultural, escola e jornal no país

Movimento teria cerca de 7 milhões de adeptos na Turquia; fundador era aliado de primeiro- ministro Recep Erdogan

LUISA PESSOA DE SÃO PAULO

Polêmico movimento civil que estaria na linha de frente da oposição ao primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, o Hizmet se espalha pelo mundo --incluindo o Brasil.

Erdogan, de tendência islâmica moderada, tem acusado lideranças do Hizmet, de quem já foi aliado, de tramar um golpe de Estado contra seu governo.

Hoje muitos analistas consideram o Hizmet, que teria cerca de 7 milhões de seguidores na Turquia, o maior e mais institucionalizado grupo civil islâmico turco e observam o crescimento de seus seguidores.

Em São Paulo, o movimento administra o Centro Cultural Brasil-Turquia (CCBT) e uma escola no bairro de Santo Amaro (veja ao lado).

Criado no final da década de 1960 por Fethullah Gülen (1941-), o Hizmet, segundo seus membros, tem como objetivo promover a coexistência pacífica entre religiões e culturas, a democracia e a liberdade de pensamento por meio de organizações sem fins lucrativos.

Apesar disso, o grupo não possui uma estrutura formal que coordene a ação de seus membros, presentes por livre associação. Dessa forma, é quase impossível estimar o número de pessoas que hoje fazem parte do movimento.

A opacidade organizacional e numérica do Hizmet leva algumas pessoas a considerá-lo uma organização religiosa semissecreta, com intenções políticas.

Em um documento da diplomacia americana, de dezembro de 2009 e vazado pelo Wikileaks, é relatado que "muitos turcos acreditam que Gülen possui um objetivo mais profundo e possivelmente insidioso".

O mesmo documento menciona que seguidores do Gülen dominariam a Polícia Nacional Turca (PNT). "A afirmação de que a PNT seria controlada por Gülenistas é impossível de ser confirmada, mas ninguém com quem encontramos contestou essa informação", diz o relatório.

ALIANÇA ABALADA?

A relação entre o Hizmet e o governo turco teria ficado abalada após Erdogan defender, em novembro de 2013, o fechamento das escolas preparatórias para o vestibular (dershanes), um dos principais braços de atuação do Hizmet na Turquia.

Segundo os críticos do movimento, as escolas serviriam como principal fonte de renda para o grupo.

O Hizmet nega e afirma que suas dershanes não têm fins lucrativos.

No fim de fevereiro, em uma sessão conturbada, o Parlamento turco aprovou a lei que obriga o fechamento das dershanes até setembro de 2015, por 226 votos a 22.

Em dezembro de 2013, um mês após Erdogan defender o fechamento das dershanes, uma investigação policial revelou uma rede de corrupção que atingiu o diretor do Banco Central turco e filhos de ministros do premiê.

Aliados do governo turco sugerem que o Hizmet está por trás dessas investigações. Para eles, o "timing" da denúncia, próximo às eleições municipais e presidenciais no país, é suspeito.

Desde então, centenas de policiais e de promotores ligados ao caso foram destituídos ou transferidos pelo Executivo.

Membros do Hizmet no Brasil negam veementemente qualquer intenção golpista na Turquia e dizem que o movimento tem trajetória legal, independente, transparente e desinteressada na associação com partidos políticos.

"Como na Turquia não existe um partido forte de oposição, Erdogan coloca o Hizmet como concorrente político. Mas o movimento defende projetos, não partidos", diz Bayran Ozturk, que trabalha no Brasil como correspondente e colunista do jornal "Zaman".

Em entrevista ao jornal americano "Wall Street Journal", ao ser questionado sobre a quebra da "aliança" entre o Hizmet e o partido de Erdogan, o AKP, Gülen disse: "Se formos falar de aliança, era de valores compartilhados sobre democracia, direitos humanos universais e liberdades --nunca para partidos políticos ou candidatos", declarou.

Recentemente, Erdogan disse que Gülen está há 40 anos tentando se infiltrar no Estado turco e que seu governo tomará todos os passos necessários na "guerra" contra "traidores" e "inimigos" da "Nova Turquia".


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