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Análise

Perder suas bases na região é algo impensável para os líderes russos

RICARDO BONALUME NETO DE SÃO PAULO

Há um fator que torna mais complexa a crise entre Rússia e Ucrânia em torno da Crimeia: as importantes instalações militares na região, notadamente a base de Sebastopol, sede da Frota do Mar Negro russa.

Os líderes da finada União das Repúblicas Socialistas Soviéticas achavam que o comunismo não acabaria jamais, muito menos suspeitavam que as tais repúblicas fossem um dia se tornar países independentes.

O resultado foi espalhar russos étnicos por todo o vasto país e estabelecer instalações militares importantes em territórios fora da Rússia.

Com a desintegração da URSS, isso significou que bases importantes passaram a ficar em território estrangeiro --como o centro espacial de Baikonur, no Cazaquistão.

O expansionismo russo a partir da Idade Média levou pouco a pouco as fronteiras do país na direção do mar, mas com restrito acesso oceânico mesmo no auge do poderio do país.

Ao norte estão o gelado mar de Barents e o Ártico, região de difícil navegação.

O mar Báltico e o mar Negro estão "fechados" por estreitos dominados por outros países.

O acesso oceânico só é mais livre no distante oceano Pacífico --longe da principal área econômica russa.

Ter acesso a portos em "águas quentes" sempre foi um objetivo político da Rússia dos czares, encampado pela URSS.

Durante o período soviético, Sebastopol era sede de uma poderosa esquadra que vigiava as frotas americanas no Mediterrâneo, por exemplo em momentos de crise, como a Guerra do Yom Kippur entre árabes e israelenses, em 1973.

Nacionalistas russos como Putin têm saudades desse período em que o país era uma potência com influência planetária.

A Marinha da União Soviética entrou em grave decadência depois do colapso do comunismo.

Não só muitos navios foram desativados, como alguns foram "repartidos" entre os novos países. A Ucrânia ficou com parte da Frota do Mar Negro, por exemplo.

Ironicamente, os principais estaleiros militares na região estão situados em Mikolaiv/Nilolaiev, no território ucraniano.

A melhora da economia russa trouxe um aumento de gastos militares e a Marinha voltou a operar mais continuamente, além de receber novos navios.

Perder o acesso aos estaleiros já foi um grande baque para o poderio da Marinha russa. Perder as bases navais na Crimeia é algo simplesmente impensável para os líderes russos.

Mesmo que hoje a Marinha russa não tenha mais um rival tradicional, como era a americana durante a Guerra Fria, navios de guerra ainda são um forte símbolo de prestígio internacional.


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