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Discretamente, EUA e Cuba se aproximam

Aumenta o número de turistas norte-americanos que visitam Cuba e de remessas em dólares enviadas para a ilha

Políticos cubano-americanos são o principal entrave para a normalização das relações entre os países

RAUL JUSTE LORES DE WASHINGTON

O número de turistas dos EUA que visitam Cuba mais que triplicou desde 2007, e o valor de remessas em dólares de cubano-americanos para seus parentes na ilha dobrou nos últimos 15 anos. Discretamente, como querem os dois governos.

Os EUA já são o segundo maior emissor de turistas estrangeiros em Cuba, apenas atrás do Canadá.

As mudanças graduais foram estabelecidas em 2009 e 2011, no primeiro mandato do governo Barack Obama. Antes, um cubano-americano com parentes na ilha tinha permissão de visitar Cuba uma vez a cada três anos. Hoje, se tiver um parente de até terceiro grau, pode ir quantas vezes quiser.

Para um americano sem vínculos, basta se inscrever no programa "People to People", do governo americano, e alegar alguma razão cultural, educativa, esportiva, humanitária ou religiosa para receber a autorização.

Até 2011, a maior parte das viagens envolvia um terceiro país. Voava-se, por exemplo, para o México ou para as Bahamas e dali para Havana.

Hoje 19 aeroportos americanos foram autorizados a ter voos charter direto (linhas irregulares) para Havana.

O número de americanos sem ascendência cubana que viaja para ilha saltou de menos de 30 mil por ano na década passada para 107 mil em 2013.

As remessas, que durante o governo Bush foram limitadas a US$ 300 por trimestre e apenas para parentes imediatos, também foram relaxadas. Um visitante, que podia levar US$ 300 para a família entre 2003 e 2011, hoje pode levar até US$ 3.000.

O QUE A MAIORIA QUER

Pesquisas apontam por que Obama permitiu essa política menos restritiva.

A maioria dos americanos defende mais diálogo com a ilha comunista, a retirada do país da lista de "nações que patrocinam o terrorismo" e até pedem um enviado especial para negociar com o regime castrista.

Cerca de 56% dos americanos defendem a normalização das relações com Cuba, número que sobe a 63% entre habitantes da Flórida, em pesquisa do Atlantic Council, um centro de estudos.

Obama inclusive venceu no Estado em sua reeleição, antes um bastião pró-embargo, onde vários exilados se instalaram após terem seus bens expropriados após a revolução de 1959.

"A opinião pública evoluiu e até cubanos que se exilaram nos EUA nos anos 1960 estão visitando Cuba pela primeira vez. Perceberam que isolar o regime não funcionou, eles acabaram se isolando", disse à Folha Tomás Bilbao, diretor executivo do centro de estudos Cuba Study Group.

IMPASSES

"O que ainda impede maiores iniciativas de Obama são os políticos cubano-americanos. Esses, sim, podem lhe render problemas", explica.

Bilbao cita precisamente o senador democrata Bob Menendez, poderoso presidente da Comissão de Relações Internacionais do Senado. Apesar de pertencer ao mesmo partido do presidente, ele é defensor do embargo.

Também filho de cubanos e um dos maiores nomes da oposição a Obama, o senador republicano Marco Rubio, da Flórida, já disse que as licenças para as viagens se banalizaram.

"Tem gente viajando para lá para ter aulas de salsa", discursou.

No ano passado, o casal de astros pop Beyoncé e Jay-Z viajou a Cuba e foram criticados por fazer "turismo" no país. Eles viajaram com a licença cultural.

Por isso o avanço é discreto. Ambos os governos se esforçam para esconder o aumento das trocas pessoais e financeiras entre os países.

Apesar dos pedidos ao Departamento de Estado por uma comparação entre os anos Bush e Obama sobre a relação bilateral, a Folha recebeu apenas um longo comunicado dizendo que o governo americano espera mudanças democráticas no país e liberdade de expressão, sem citar números

Já o equivalente ao IBGE cubano, a Oficina Nacional de Estadística, não descrimina a entrada de americanos na ilha.

Os 630 mil americanos que visitaram Cuba no ano passado entraram na categoria "outros".


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