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Holocausto é evento incerto, diz líder do Irã

Em discurso pelo Ano-Novo persa, aiatolá Ali Khamenei coloca sob suspeita massacre de judeus por nazistas

Declaração é um golpe à política externa de apaziguamento do moderado presidente Hasan Rowhani

SAMY ADGHIRNI DE TEERÃ

O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, voltou a questionar o Holocausto e disse que o suposto tabu europeu sobre o tema evidencia limites da liberdade de expressão no Ocidente.

"O Holocausto é um evento cuja existência é incerta e, mesmo que tenha acontecido, é incerto como ele aconteceu", disse Khamenei, chefe máximo da teocracia iraniana, em discurso pelo Ano-Novo persa em Mashhad, leste do Irã.

"Alguém ousa falar do Holocausto na Europa?", indagou, em referência ao massacre de 6 milhões de judeus pela Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

"Expressar dúvida sobre o Holocausto é um dos maiores pecados no Ocidente. [Ocidentais] prendem e processam os questionadores e ainda se dizem países livres", disse Khamenei.

Numa aparente resposta às críticas internacionais contra restrições políticas e individuais no Irã, o líder supremo afirmou que "liberdade absoluta não existe em nenhum lugar do mundo".

As declarações de Khamenei selam um duro revés à política externa de apaziguamento do presidente Hasan Rowhani e de seu chanceler, Mohammad Javad Zarif.

Desde a posse, em agosto, o novo governo tenta distanciar-se da retórica do antecessor Mahmoud Ahmadinejad, que chamou o Holocausto de "conto de fadas".

Ahmadinejad chegou a promover dois encontros internacionais com negacionistas do Holocausto em Teerã, em 2006 e 2007.

Na direção oposta, Rowhani condenou "o massacre de judeus pelos nazistas". Em setembro, Zarif usou sua conta no Twitter para parabenizar judeus iranianos --maior comunidade no Oriente Médio fora de Israel-- por conta do ano novo judaico, o Rosh Hashaná.

Acenos aos judeus e outras minorias são parte de um esforço mais amplo para melhorar a imagem do Irã em meio à revitalização das negociações nucleares.

O Irã e as seis maiores potências (EUA, China, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha) já implementaram um acordo preliminar pelo qual Teerã freia suas atividades atômicas em troca de um alívio parcial das sanções que devastam a economia.

O pacto vigora até julho, quando as partes terão opção de prolongá-lo enquanto discutem um acerto definitivo.

Em seu discurso de Ano-Novo, na quinta-feira, Rowhani, fiel ao seu estilo, defendeu políticas conciliadoras dentro e fora do país.

LUTAS INTERNAS

Concessões nucleares enfrentam forte resistência dos ultraconservadores do regime, como juízes, alguns clérigos e militares, que alimentam declarações hostis e aumentam a repressão interna para tentar sabotar a reaproximação com o Ocidente.

Khamenei cultiva a ambiguidade. Ele manifestou reiteradas vezes apoio aos esforços diplomáticos de Rowhani, mas tolera e, às vezes, atiça hostilidades ao diálogo.

"Khamenei costuma deixar facções rivais se digladiarem", diz um analista próximo do governo Rowhani.


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